segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O rapper expulso da festa de Obama não era só um convidado indesejável


Lupe Fiasco chamou o presidente dos EUA de terrorista. Foi retirado do palco por seguranças Lupe: “Gaza era bombardeada e Obama não falou merda nenhuma”

Por Kiko Nogueira

O rapper Lupe Fiasco foi expulso do show em homenagem a Obama em Washington, ocorrida na véspera da posse. Durante 30 intermináveis minutos, ele cantou um rap em que um dos trechos dizia que “Limbaugh é racista, Glenn Beck é racista, Gaza era bombardeada e Obama não falou merda nenhuma. É por isso que eu não vou votar nele”. (Limbaugh e Beck são comentaristas e colunistas políticos de direita.)
No final de sua performance, seguranças invadiram o palco e tiraram Lupe de cena. Num comunicado oficial, a empresa que montou o concerto afirmou que o cantor não foi expulso por seu discurso anti-Obama, mas porque, “depois de uma apresentação repetitiva, que deixou o público insatisfeito, os organizadores decidiram passar para a atração seguinte”. Arrã.



É meia mentira. De fato, ouve-se a plateia vaiando. Mas, se a letra dissesse que Obama é melhor que Lincoln, nada teria acontecido. A culpa é dos organizadores. Foi o equivalente a convocar o antipetista hidrófobo Lobão para tocar na posse de Dilma. Lupe é notoriamente crítico ao governo americano. “O maior terrorista é Obama e os Estados Unidos da América. Eu estou tentando lutar contra o terrorismo que está causando outras formas de terrorismo”, disse numa entrevista para a CBS em 2011.
Lupe faz parte de um grupo de rappers que está desapontado com a presidência de Obama. No primeiro mandato, ele tinha o apoio maciço da comunidade. Houve uma identificação óbvia: o primeiro presidente negro, a promessa de mudança (Yes, We Can) etc. Deu no que deu.
Speech, do Arrested Development, apoiador de primeira hora em 2008, se declarou desiludido. Snoop Dogg trocou Obama por Ron Paul, cuja plataforma era simpática à maconha (Snoop é o maior maconheiro do hemisfério norte). O rapper Lowkey fez uma música chamada Dead Prez, em que chama o presidente de “mestre dos disfarces, especialista em contar mentiras”.
Apelidado de Presidente Hip-Hop, Barack Obama fez o que pôde para agradar esses artistas em 2007. Citava trechos de raps em discursos, divulgava fotos com eles. Um das consequências foi que, na primeira eleição, o número de votos de jovens foi o maior em 35 anos.
A lua de mel acabou. Lupe Fiasco é só a face mais aparente de um bando de descontentes. Todos eles barulhentos.


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