quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Eduardo Cunha articula acordão entre Globo e teles contra o Marco Civil


É hora de pressionar Eduardo Cunha enviando e-mail, postando memes, ligando no gabinete. 

por Renato Rovai

Este blogue apurou que o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, está se empenhando pessoalmente para transformar um longo debate na sociedade em um acordo entre dois setores econômicos, as teles e a radiodifusão. Ou seja, a Vivo, a TIM, a Claro e a Globo. A aprovação do texto do Marco Civil da Internet subiu literalmente no telhado e só irá descer com algum nível de qualidade se a sociedade for à luta.
É hora de pressionar Eduardo Cunha enviando e-mail, postando memes, ligando no gabinete. (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
Pelo acordo que está sendo encaminhado por Eduardo Cunha, a Globo negociaria ao menos parcialmente a neutralidade na rede e ficaria com o artigo que garante que os direitos autorais no Brasil se sobrepõem aos direitos humanos.
É isso mesmo, você não leu errado. A Globo defende que apenas para questões que envolvam direitos autorais não haja necessidade de processo judicial para que um conteúdo seja retirado do ar. Ou seja, você pode defender a pedofilia que tudo bem, mas se divulgar o capítulo da novela no seu blogue estará perdido.
Mas o artigo que ajuda a Globo permitirá de alguma maneira que outros grupos se apropriem dele para praticar censura, utilizando-se do recurso do “uso indevido da imagem”. Por exemplo: os grupos LGBTS publicam textos pela sua militância e o Marco Feliciano solicita, via notificação extrajudicial, e retirada do ar porque usaram uma foto dele. O mesmo pode acontecer com o MST se criticar a Kátia Abreu. E aí aquela lei da biografias vai virar piada de salão…
Enquanto isso, as teles querem ser donas não só dos dutos por onde passam as informações, querem controlar também as informações que passam por ali. E a depender do que estiver circulando, cobrar diferente por isso, como fazem as tevês a cabo.
Ou seja, você quer só receber e enviar email, paga 10 reais por mês. Quer assistir vídeo no youtube é vintão. Quer ter um blogue, o pacote já fica 30. Quer também colocar vídeos na rede, o preço pode chegar a 100. É isso que está em jogo. Eduardo Cunha está (parafraseando Brizola) articulando a aliança entre o coisa ruim e o satanás.
A presidenta Dilma já deu declarações a favor da neutralidade na rede e contra o artigo que só interessa à Globo. Mas a relação do governo com o PMDB está num momento tenso e o Marco Civil pode pagar o pato.
É hora de pressionar Eduardo Cunha enviando e-mail, postando memes, ligando no gabinete, utilizando todos os instrumentos democráticos para convencê-lo a recuar desta operação.
O custo da aprovação de uma lei para garantir mais privilégios ainda à Globo e às telefônicas no Brasil seria imenso. De dimensões terríveis para o Brasil. E para quem defende a liberdade.
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Dilma restabelece antigo fuso horário do Acre e Amazonas



A presidente Dilma Rousseff revogou uma lei, de autoria do então senador Tião Viana (PT-AC), sancionada pelo então presidente Lula, em junho de 2008, que alterou o fuso horário do Acre e de parte do Amazonas de duas para uma hora em relação a Brasília. O Brasil volta a contar com quatro fusos horários, sendo o quarto o que se caracterizava há 95 anos pela hora de Greenwich 'menos cinco horas', que compreende o Acre e o sul do Amazonas.
De acordo com a Lei 12.876, sancionada pela presidente no final da tarde de quarta-feira e publicada na edição do Diário Oficial da União desta quinta, a partir do dia 10 de novembro populações do Acre e parte do Amazonas voltam a conviver com duas horas a menos que Brasília. Por causa do horário de verão em outras regiões do país, quando a lei entrar em vigor a diferença será de três horas em relação à capital federal.
Sob a alegação de que a população sofria prejuízos econômicos, sociais e culturais por causa da diferença em relação ao restante do país, Tião Viana e Lula alteraram o decreto 2.784, de junho de 1913, de autoria do presidente Hermes da Fonseca.
A mudança não agradou à maioria porque foi feita sem consulta à população. O descontentamento popular foi comprovado em 2010, quando os eleitores do Acre participaram de um referendo sobre o tema, decorrente de um projeto de autoria do deputado Flaviano Melo (PMDB-AC). O resultado mostrou que 39,2% dos eleitores queriam o retorno à hora antiga, enquanto 29,7% eram favoráveis à manutenção do fuso horário em vigor.
O restabelecimento do fuso horário do Acre representa uma derrota para os senadores Jorge Viana e Anibal Diniz, ambos do PT, além do governador do Acre, Tião Viana. O governador, por exemplo, não mediu esforços pela mudança quando presidiu o Senado. Viana fez lobby para a Rede Amazônica de Televisão, afiliadaRede Globo, que tinha interesse na mudança para evitar gastos com a gravação da programação, exigência de uma portaria do Ministério da Justiça que trata da classificação indicativa.
No começo do mês, o Senado já havia aprovado Projeto de Lei da Câmara para restabelecer o horário antigo do Acre e de parte do Amazonas, que fora apresentado pela presidente Dilma.
A proposta foi aprovada pelas Comissões de Assuntos Econômicos e de Relações Exteriores e Defesa Nacional, tendo como relatores os senadores Anibal Diniz (PT-AC) e Sérgio Petecão (PMN-AC), respectivamente.
O restabelecimento do fuso horário do Acre é uma vitória iniciada na blogosfera local, que se contrapôs à mudança autoritária, mobilizando a sociedade antes, durante e depois. Ao sancionar a leita que restabelece o antigo fuso horário do Acre, a presidente faz prevalecer a democracia em relação à polêmica.
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Presidente da OAB ameaça denunciar Pará a organismos internacionais e a levar Jatene a responder por crime de responsabilidade.

O presidente da OAB, Jarbas Vasconcelos, na Alepa: paciência chegou ao fim
Assassinato do advogado Jorge Pimentel vai completar 8 meses, supostos mandantes continuam foragidos e governador não pede ajuda à Polícia Federal. Sobrinho de Jatene estaria ajudando foragidos. Presidente da OAB diz que Justiça do Pará só funciona “para a ralé” e que “a paciência acabou”.

No Blog da Perereca

No último dia 17 de outubro, o presidente da seccional paraense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Jarbas Vasconcelos, fez um dos pronunciamentos mais contundentes de que se tem notícia contra a impunidade existente no estado do Pará.
Em sessão especial na Assembleia Legislativa, Jarbas disse que o Pará é uma terra sem lei, onde a Justiça só funciona “para a ralé”, já que os criminosos endinheirados acabam sempre escapando à prisão.
Ele prometeu denunciar o Pará a organismos internacionais de direitos humanos e deixou no ar até uma ameaça: a de levar o governador Simão Jatene a responder por crime de responsabilidade.
Motivo da indignação do presidente da OAB: a impunidade dos assassinos do advogado Jorge Pimentel e do empresário Luciano Capaccio.
O duplo assassinato, ocorrido em Tomé-Açu, em 2 de março deste ano, completará oito meses no próximo sábado sem que se tenha notícia do paradeiro dos supostos mandantes do crime: o ex-prefeito de Tomé-Açu, Carlos Vinícius de Melo Vieira, e o pai dele, o empresário Carlos Antonio Vieira.
Ambos tiveram negados pedidos de habeas corpus impetrados em Brasília, para sustar as ordens de prisão expedidas no Pará.
Também tiveram suas fotografias amplamente divulgadas, até em veículos nacionais de comunicação.
Os acusados de executar o crime já estão presos há meses.
Mas Carlos Vinícius e Carlos Antonio parecem ter virado fumaça.
E isso apesar de os negócios da família continuarem a pleno vapor.
No último dia 13 de novembro, por exemplo, o caderno Negócios do jornal Diário do Pará publicou matéria de página inteira sobre os projetos imobiliários da Valle Empreendimentos, empresa que, pelo menos até abril, pertencia a Carlos Antonio Vieira.
Veja nos quadrinhos (clique em cima para ampliar) a matéria do jornal:









O Império de Inhangapí
Nos bastidores, as informações não são nada animadoras.
O que se diz é que pai e filho, que possuem dinheiro a rodo, se movimentam até com a ajuda de aeronaves.
É voz corrente, também, que estariam recebendo ajuda de empresários influentes, entre eles um parente do governador.
O problema é que quem se dispõe a falar, só o faz sob a condição do anonimato.
No entanto, é fato já comprovado pela Perereca que Carlos Antonio Vieira é sócio de um sobrinho de Jatene, o empresário Eduardo Salles, em um empreendimento imobiliário em Castanhal: o residencial Salles Jardins I e II (Leia a reportagem publicada em 27 de abril:http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/04/uma-turma-da-pesada-sobrinho-do.html).
Além disso, o que se diz é que Eduardo possui considerável influência em patamares superiores da Segurança Pública do Pará.
E chega até a ser temido por policiais – e esta blogueira foi testemunha de um episódio nesse sentido, quando o investigava anos atrás.
Eduardo não apenas comanda politicamente o Nordeste do Pará: na verdade, também estaria envolvido em “nebulosas transações”, digamos assim.
E mais: nos círculos próximos ao poder, o que se comenta, há mais de uma década, é que ele (ou melhor, boa parte daquilo que possui) é a “face visível” de negociações realizadas pelo atual governador, desde os tempos em que era apenas secretário de Estado.
O fato é que Eduardo experimenta um enriquecimento espetacular.
Entre 1997 e 2001, ele adquiriu um patrimônio 7 vezes superior ao registrado nos 17 anos anteriores no cartório de Castanhal (e apenas no cartório de Castanhal, que abrange, salvo engano, apenas mais dois municípios paraenses).
Em 2005/2006, na época em que o blog realizou as primeiras reportagens sobre o sobrinho de Jatene, essas terras já perfaziam mais de 2.700 hectares.
No início de 2013, em investigação realizada apenas na internet, a Perereca conseguiu comprovar que só duas fazendas de Eduardo, na região de Castanhal e Inhangapi, perfazem hoje mais de 5.500 hectares.
E só por um terreno em Ananindeua ele pagou, em abril do ano passado, mais de R$ 1 milhão.
E só uma das empresas dele, a ESalles Construções, ficou de integralizar R$ 3 milhões, até dezembro de 2015, no residencial Salles Jardins – aquele mesmo que está sendo construído em sociedade com a Valle Empreendimentos, do foragido Carlos Antonio Vieira.
O Salles Jardins se estende por mais de 400 hectares, no coração de Castanhal.
Toda a área pertencia a Eduardo, que ainda possui outros terrenos nas imediações, mas que o blog ainda não conseguiu quantificar.
(Leia mais sobre o enriquecimento do sobrinho do governador.
Aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/02/sobrinho-de-jatene-enriquece-olhos.html
Aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2012/04/familia-feliz-projeto-do-governo-do.html
E aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/03/opiniao-para-o-novo-maranhao.html)
Crime de responsabilidade 
A OAB só tem conhecimento “extraoficialmente” da ajuda que estaria sendo dada por Eduardo Salles aos dois fugitivos – diz-me a Assessoria de Comunicação.
Além disso, recorda, a própria polícia reconheceu, na audiência na Alepa, que Carlos Vinícius e Carlos Antonio são difíceis de apanhar porque são políticos e possuem muito dinheiro.
A Assessoria não disse, mas é bem possível que tenham sido as informações “extraoficiais” a motivar um discurso tão incisivo de Jarbas Vasconcelos.
O presidente da OAB chegou a afirmar: “Não queremos mais justificativa, explicação. Queremos que a Alepa dê prazo certo para o governador determinar... Porque isso não é uma questão técnica da segurança, é uma questão política: se prende quem quer, não se prende quem não quer. Portanto, essa é uma questão de Governo. E é preciso que essa Assembleia diga ao governador que a OAB exige que o governador determine - pra valer! – a prisão de quem matou o advogado Jorge Pimentel. Ou ele faz isso, ou vai responder por isso – inclusive pelo crime de responsabilidade”.
O que Jarbas quer é que Jatene peça ajuda à Polícia Federal, para a captura dos fugitivos.
Segundo a OAB, o próprio ministro da Justiça já afirmou, há meses, que colocará a PF no caso – mas precisa que o governador solicite isso, devido à autonomia das unidades federativas.
Daí o pedido de Jarbas para que a Alepa encaminhe moção ao governador, para que ele faça o pedido.
Até ontem, no entanto, a Alepa não havia encaminhado a moção.
O deputado Edmilson Rodrigues (PSOL), que presidiu a sessão do dia 17, disse ao blog que falou por telefone sobre o caso com o secretário de Segurança Pública, Luiz Fernandes, e que a sessão contou com a presença de todo o staff da polícia: dois adjuntos da Segup e vários delegados.
Por isso, acredita o deputado, Jatene já tem conhecimento do pedido da OAB.
Já o deputado Carlos Bordalo (PT) lembrou que o feriadão do Círio e a ida da Alepa ao Marajó acabaram atrapalhando a confecção do documento.
No entanto, ele ficou de apresentar a moção à Alepa na próxima terça-feira, a fim de “reforçar o que foi dito na sessão”, que, enfatizou, contou com a presença de um representante do governador.
Mas para a OAB pouco importa se havia um representante de Jatene naquela sessão: o que ela quer é uma posição oficial do Legislativo.
“A ausência de uma resposta concreta da Alepa deixa claro que ela não tem autonomia e que o tratamento dado aos homicídios no Pará é uma questão partidária” – disse à Perereca a Assessoria de Comunicação da entidade, depois de conversar com Jarbas Vasconcelos – “O fato de o governador já saber desse pedido, não exime a Alepa de cumprir a solicitação formalizada pela OAB. Ou seja: que a Alepa encaminhe um documento ao governador, para que ele peça a ajuda do Ministério da Justiça”.
Além da falta de autonomia, diz a Assessoria, “o fato de já terem se passado duas semanas sem que essa moção tenha sido encaminhada, também demonstra a desarticulação, fraqueza da oposição, que não consegue pressionar o governo”.
Ainda segundo a Assessoria, a OAB mantém a decisão de denunciar o Pará a organismos internacionais de direitos humanos “e de levar o governador a responder pela omissão”.
“A paciência acabou: não vamos mais pedir, vamos exigir que a Alepa e o Governo do Estado cumpram o seu papel”, disse Jarbas Vasconcelos na sessão do dia 17.
E provocou: “É preciso que a sociedade vá às ruas e diga para o governador sair do gabinete, das viagens internacionais, da corte, e que venha viver o dia a dia da periferia de Belém", onde a violência não para de crescer.
Ouça o discurso do presidente da OAB. Atente para o que ele diz, principalmente, a partir dos 10 minutos:

Lula chama a si confronto com Eduardo e Marina


 

Lula, que de bobo não tem nada, está se movimentando para obstruir aquilo que pode vir a ser, de fato, um prejuízo eleitoral para Dilma Rousseff em 2014: que a dupla Eduardo Campos-Marina Silva possa envolver parte do eleitorado nordestino e, de uma maneira mais ampla, popular.
Porque, com tudo o que aprendeu, sabe que a direita – a verdadeira – está empacada num discurso velho, passadista e, por isso, traz na testa o estigma de um tempo que o povo brasileiro sabe que não quer reviver.
Deve-se a isso dois dos últimos movimentos do ex-presidente.
O primeiro, o de evidenciar a “conversão” de Marina Silva às ideias neoliberais. O “pito” que lhe deu ontem, dizendo que ela “esqueceu” que a “estabilidade econômica” de Fernando Henrique quebrou o país três vezes.
Marina escafedeu-se do debate, obviamente desavantajoso para ela, dizendo que “não tem pressa” de responder a Lula, quando, na verdade, não tem com que responder, a não ser com uma vaga citação à “Carta ao Povo Brasileiro” feita por Lula, num momento em que o país batia – com a tal estabilidade e tudo – às portas do FMI, insolvente.
O segundo movimento de Lula provocou furor, ontem, em Pernambuco, com a veiculação, no Blog de Jamildo, no Jornal do Commercio, de um vídeo (veja no fim do post) com apenas uma frase de Lula, à saída de uma solenidade na Câmara Municipal:
- Eu quero dizer aos meus companheiros de Pernambuco que logo, logo, eu estarei lá
Bem, vocês imaginam o quanto isso apavorou a turma de Campos.
O imenso peso do prestígio de Lula no estado – o seu estado natal, aliás – vai causar danos de difícil reparação ao ponto mais forte do currículo de Eduardo Campos: o de querer apresentar-se como um governador otimamente avaliado pelos pernambucanos.
Sem o voto pernambucano, Campos vira um general sem tropa, e não é por outra razão que a Marina da “nova política” fez ginástica para dizer que a aliança dele com 14 partidos – e as devidas repartições de cargos – não é fisiologismo, como diz que são todas as outras.
Este é o “probleminha” da dupla Campos e Marina, o sinal que trazem na testa e que não se lhes pode apontar.
Não é a primeira vez que cito, mas repito a frase do velho Brizola: A política ama a traição. Mas, logo, abomina o traidor.


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Bolsa Família: dez anos que mudaram a face do Brasil

Por Luis Nassif

Uma grande nação, justa e forte, se faz pela capacidade de inclusão - dos miseráveis à alimentação básica; dos pobres ao consumo; dos pequenos, ao mercado; das minorias, ao seu direito de viver diferente; dos pequenos empresários, à oportunidade para desenvolver seus negócios.
É por meio da inclusão que uma nação se forma e captura, para o bem geral, a energia individual esmagada em cada falta de oportunidade, o talento que pode estar escondido em um barraco nas palafitas ou nas favelas, os futuros campeões que podem estar nascendo em uma microempresa.
É por meio da solidariedade que se criam os laços sociais e econômicos que vão tecendo a grande rede do desenvolvimento e os grandes processos civilizatórios.
Mesmo assim, cada capítulo é uma guerra entre a modernidade e o atraso, entre o novo e o velho carcomido.
Nos Estados Unidos, o maior processo de inclusão - a libertação dos escravos - resultou na mais sangrenta guerra do século 19. Na Europa, os grandes movimentos de urbanização, dos anos 20, resultaram em intolerância e no florescimento de doutrinas autoritárias.
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Por isso mesmo, esses movimentos sempre refletem a luta da barbárie contra a civilização, da selvageria contra a solidariedade.
Os herois sempre terão seu lugar na memória nacional; os recalcitrantes, no lixo da história. O país reconhece José Bonifácio, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças, Luiz Gama como seus fundadores. Os contrários tornaram-se apenas "conservadores" ânonimos, anacrônicos, menores.
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Não será necessário distanciamento histórico para que esse mesmo reconhecimento ocorra em relação ao Bolsa Família. Para sorte de seus descendentes, os trogloditas que enxergaram no programa a "bolsa esmola", o estímulo à preguiça, que previram o desastre fiscal, que se escandalizaram com pobres adquirindo geladeiras, ou com fazendeiros não podendo mais pagar salário de fome aos seus colonos, serão tratados apenas como "conservadores"., símbolos da parcela mais atrasada, colonial, desinformada e insensível, uma espécie de sub-elite intelectual impermeável a qualquer sopro de cidadania.
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A história brasileira do século 20 têm episódios relevantes. Provavelmente nenhum desses episódios sobrepujar, em relevância e alcance, a criação do Bolsa Família.
São 11 milhões de famílias atendidas, 40 milhões de pessoas incluídas e o desenvolvimento de uma metodologia incorporando os mais avançados modelos estatísticos com os avanços da Internet. Tornou-se padrão mundial.
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Mas é apenas o início. As políticas sociais trouxeram nova dimensão ao mercado interno, novas demandas, nova escala de produção às empresas.
Mais que isso. Sair do nível da miséria mudou totalmente a natureza social e pública desses 40 milhões de brasileiros. Eles se tornaram cidadãos, alguns tornaram-se empreendedores. Entendendo seus direitos, tornar-se-ão cada vez mais exigentes, rompendo a inércia histórica do setor público e político.
E se tornaram cidadãos sem tutela política. Quem quiser conquistar seu apoio terá que demonstrar o que têm a oferecer daqui para diante.
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Eike e o culto da hipocrisia nacional



Por Luis Nassif

O "Valor" de hoje tem uma matéria comparando a queda de Eike com as menções elogiosas feitas a ele pela presidente Dilma Rousseff.
Há dois momentos na vida de Eike. No auge do sucesso, era o símbolo máximo do empreendedorismo brasileiro. Depois da queda, o filho bastardo do estatismo. No auge, objeto do mais acintoso culto à personalidade do Brasil moderno. Na queda, “toma que o filho é seu”.
A hipocrisia dos formadores de imagem é esta. No sucesso, usam a lisonja para prospectar futuras parcerias. Na queda, batem sem piedade.
No auge, Eike era saudado pela Veja como o exemplo do empreendedorismo. A revistaÉpoca o premiava. Quando soçobrou, a própria Época providenciou uma capa dizendo que Eike era símbolo do fracasso estatista; e Jorge Paulo Lehmann, do sucesso de mercado. Lehmann que não ouse cair, se não também será alvo da hipocrisia nacional.
Confirma a máxima de que “criança feia não tem pai”. Eike teve dois pais: o mercado e o Estado.
Para a matéria do Valor ficar completa, faltaram:
1. Os elogios do próprio Valor a Eike no auge do seu sucesso.
2. Declarações de Cândido Bracher, presidente do BBA-Itaú: “Orgulhamo-nos por ter ajudado a viabilizar os grandes projetos do grupo.” Junto, as avaliações entusiasmadas sobre Eike por parte do Itaú, Bradesco e grandes fundos internacionais, ministros, presidente, executivos em geral.
3. A escolha de Eike como "empresário do ano" de 2011 pelo grupo Lide.
4. A eleição de Eike como o "empresário ousado do ano" pela revista IstoÉ.
5. O presidente do Grupo EBX, Eike Batista, é eleito "personalidade do ano" pelo Destaque Ademi - Prêmio Master Imobiliário 2011, promovido pela regional Rio de Janeiro da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) e da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (FIABCI).
6. Prêmio da revista Fast Company apontando Eike como um dos quatro empresários brasileiros mais criativos.
7. OSX recebe o prêmio "Deal of theYear - 2010", na categoria ProjetcFinance, concedido pela Marine Money International.
8. Eike Batista está entre os entre 1.000 principais CEOs do Mundo, no capítulo Empreendedores Visionários, da revista IstoÉ Dinheiro.
9. Eike Batista é o único brasileiro na lista dos mais influentes do mundo dos negócios da revista americana Bloomberg Markets.
10. Presidente do Grupo EBX eleito Personalidade Empresarial do Ano pela Associação Brasileira de Marketing & Negócios (ABMN).
11. Revista Época elege Eike Batista entre os 100 brasileiros mais influentes de 2011. A lista reúne personalidades que mais se destacaram no ano pelo poder, o talento, as realizações e a capacidade de mobilizar e/ou inspirar.
12. Eike também é um dos dois brasileiros citados no livro "World Changers - 25 Entrepreneurs who changed business as we knew it", sobre os 24 empreendedores do mundo que transformaram os negócios.
13. Eike é também um dos Líderes do Brasil, na categoria Óleo e Gás, em premiação promovida em parceria pelo Grupo Doria e o jornal Brasil Econômico.
14. OSX recebe o prêmio “Latin America Upstream Deal of the Year”, no “13th Annual Project Finance Americas Deal of the Year Awards”, da Euromoney –
15. MMX recebe o prêmio de destaque do Setor de Mineração pela Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas).
16. Associação Brasileira de Propaganda: Eike Baptista, personalidade do ano.
Aqui mesmo cometi um cochilo indesculpável, ao considerar a recompra de ações de minoritários como tentativa de ganhar na baixa.
Mas convido vocês a levantarem outros elogios estrondosos ao Eike pré-desastre.
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Santarém suportará essa carga pesada? Quem pagará a conta?


No Blog do Dutra

Hoje o fluxo de carretas geminadas já ultrapassa 2 mil mil unidades por mês, ou seja, a cada dia movimentam-se na cidade e cercanias em torno de 66 comboios. Com o avanço do asfaltamento da BR-163 e o aumento da produção de soja e milho no Mato Grosso, esse desfile tende a aumentar exponencialmente. Para a safra 2013/2014 a previsão de safra no Estado vizinho é de 25 milhões de toneladas, cálculo que não inclui a safra de milho, que está sendo desovada agora em parte pelo porto de Santarém. Se a exportação de grãos seguir essa perspectiva, em 2020 Santarém poderá ser uma cidade arrasada pelo fluxo anual de cerca de 40 mil carretas.
Qual a estrutura dessa cidade para tamanho movimento? Quem pagará a conta dos estragos que já são visíveis, incluindo o desfile de cavalos mecânicos em direção às praias quando os motoristas das carretas estão de folga?
Se medidas urgentes não forem adotadas, o preço a ser pago pela cidade é imenso. Os indicadores já estão à vista, como o afundamento de trechos da rodovia BR-163. A consagração de Santarém como ponto de passagem da riqueza produzida em outros Estados exige inteligência, agora, e medidas corajosas. Caso contrário, em breve se estará perguntando: Que vantagens isso tudo trouxe para o município e os seus habitantes?
Leia a seguir matéria do do G1 Santarém, de ontem:
Santarém, no oeste do Pará, pode ter até 2020, um fluxo anual de 40 mil carretas. A informação foi divulgada na manhã desta quarta-feira (30), pela coordenadora geral de gestão da informação da Secretaria dos Portos, Marina Pescatori, na reunião que discutiu o projeto de reurbanização da rodovia Santarém- Cuiabá (BR-163) no trecho urbano.


A 15 km do porto, as carretas aguardam a vez de descer a serra para desovar milho nos 
graneleiros Foto: MD, setembro 2013

De acordo com o diretor da Companhia Docas do Pará (CDP), Manoel Nascimento, atualmente, mais de 2 mil carretas passam por mês pelo porto de Santarém. Para 2030, a previsão é que 70 mil caminhões por ano circulem pela cidade. “A gente vai ter uma quantidade de caminhões bem grande. Óbvio que a distribuição é sazonal por causa da safra, mas a gente tem que ter esse planejamento para que o caminhão acesse a área”, afirmou.
No encontro, estavam representantes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), da Secretaria dos Portos, do 8º Batalhão de Engenharia e Construção (8º BEC) e da Companhia Docas do Pará (CDP).
A reunião abordou, entre outros assuntos, a organização de carretas que utilizam o porto de Santarém e as alternativas propostas para que o aumento do fluxo das carretas não prejudique o trânsito na área urbana.
Para diminuir o tráfego desses veículos, a Secretaria Estadual de Portos pretende utilizar um terreno cedido pelo 8º Batalhão de Engenharia e Construção (8º BEC) para ser a Área de Apoio Logístico Portuário. Este espaço será destinado à regulação do tráfego de carretas, que seguirão em direção ao porto.
De acordo com a Marina Pescatori, o pólo de armazenagem e distribuição de produtos industrializados da Zona Franca de Manaus podem, inclusive, ser instalados nessa área.
“Estamos em fase de contratação de uma cooperação com a Universidade Federal de Santa Catarina, para que a gente faça um estudo aprofundado dessa área e não ter somente a possibilidade de ter um estacionamento de caminhões, caso tenha também a ampliação aqui, uma zona franca, também vai poder ser uma zona industrial, uma zona de armazenagem, tudo vai funcionar com as funcionalidades essa área de apoio logístico deverá ter”, informou.
A previsão de recurso gira em torno de R$ 30 milhões para implantação da área de apoio logístico. Com o estudo, deve haver uma licitação para implantar a área com prazo ainda não definido, segundo informou a coordenadora.


Avenida Cuiabá já tem mudança com o aumento do fluxo de carretas. (Foto: Luana Leão/G1)

Obras na BR
Segundo informações divulgadas na reunião, o trecho que vai do porto até a entrada de Mojuí dos Campos, a aproximadamente 20 km de Santarém, também vai ser prolongado para dar funcionalidade ao projeto de logística. O prazo para que as obras comecem é 2014, com previsão de dois anos para a conclusão.
"A avenida Cuiabá, do viaduto que pega o acesso do aeroporto para cá, vai demandar um pouquinho mais por conta da interferência, e vai ter que ser remanejada ali a demanda de distribuição de energia, as varandas que ocupam a faixa onde vai ser feita a intervenção, vai demandar um tempo maior", informou o diretor de planejamento e pesquisa do Dnit, José Florentino Caixeta.
Ainda segundo Caixeta, a obra que prevê a duplicação da BR-163, que será até próximo a entrada do 8º BEC, também deve iniciar a partir de 2014.
Outro viaduto
Como parte do planejamento para evitar o congestionamento de carretas dentro da área urbana, o prefeito de Santarém, Alexandre Von, informou que uma das propostas é aumentar as vias de acesso para o porto. "Nós estamos defendendo a implantação de um novo viaduto na avenida Cuiabá, na confluência com a avenida Moaçara, para permitir uma mobilidade mais fácil entre os dois lados da cidade".

Pesquisa do blog:
Demonstrativo da CDP para 2012, fechado em dezembro:

Movimentação de mercadorias
TIPOS DE MERCADORIAS
TOTAL (toneladas)

SOJA

1.627.359

ENXOFRE, TERRAS E PEDRAS, GESSO E CAL
853.096

MILHO
727.629

COMBUSTÍVEIS E ÓLEOS MINERAIS E PRODUTOS
130.398

MADEIRA
47.379

VARIEDADES E BAZAR
25.770

CONTEINER
6.195

PRODUTOS SIDERÚRGICOS
5.127

PREPARAÇÕES ALIMENTÍCIAS DIVERSAS
2.490

ALCOOL ETILICO
842

Síria completa processo de destruição de seu arsenal químico, afirma Opaq


Soldados sírios empunham bandeira: país destruiu seu arsenal químico após crise com EUA

A Síria completou o conforme o cronograma apresentado na semana passada o processo de destruição de seu arsenal químico, informou nesta quinta-feira (31/10) a Opaq (Organização para a Proibição de Armas Químicas), vencedora do Prêmio Nobel da Paz e responsável por inspecionar o processo de desarmamento.
"A Síria cumpriu a data limite fixada pelo Conselho Executivo da Opaq para completar a destruição da produção de armas químicas, e mistura e preenchimento de equipamentos", assinalou a organização em comunicado.
A Opaq, delegada pela ONU para missão na Síria, confirmou que suas equipes inspecionaram 21 dos 23 locais de armazenamento militar. Os outros dois eram "perigosos demais para serem inspecionados", diz a entidade, mas equipamentos químicos "já foram removidos para outros locais onde tiveram acompanhamento de especialistas".
"A Opaq está satisfeita de ter verificado, e ter visto destruídos, equipamentos de todos os 23 locais importantes de produção/mistura/preenchimento declarados", disse o documento.
A Síria entregou no último domingo a declaração inicial formal do seu programa de armas químicas. O anúncio propicia "a base sobre a qual serão concebidos os planos para uma destruição sistemática, total e verificada das armas declaradas e de instalações de produção", diz a Opaq. As declarações sírias são confidenciais. Não são conhecidos detalhes do programa nuclear.
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DILMA PEITA RENAN E AMEAÇA PMDB


Presidente avisa que iniciativa do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), de colocar em votação projeto que garante a autonomia formal do Banco Central, com mandatos fixos para a diretoria, seria encarada como rompimento com o Planalto.

A cúpula do PMDB recebeu "atônita" recado de emissários do Palácio do Planalto de que, se Renan Calheiros (PMDB-AL) levar adiante o projeto de Francisco Dornelles (PP-RJ) de autonomia do Banco Central, o movimento será considerado "ruptura" com o governo. A mensagem hostil surpreendeu peemedebistas, uma vez que Michel Temer já havia conversado antes com Renan, a pedido de Dilma Rousseff, para "baixar a bola" do projeto, com o que o senador teria assentido.

Depositário da soberania popular é o presidente, e não a diretoria do BC

O projeto que dá autonomia operacional e fixa mandato de seis anos para os dirigentes do Banco Central voltou a ser discutido no Senado. Cabe a pergunta: o povo troca de presidente, de partido e de programa econômico, mas o BC continua com a mesma orientação do governo anterior?
Quem indica o presidente do BC é o presidente, e cabe ao Senado da República aprová-lo, mas ele tem autonomia e independência para definir o que há de mais importante para o país, para seu futuro? Independência de quem? Do presidente e do governo? Mas estes são os depositários da soberania popular, assim como o Congresso Nacional. E não a diretoria do Banco Central.
Não há necessidade de lei nenhuma para o BC exercer o seu papel – no nosso caso, errado: o controle da inflação sem a contrapartida do emprego e do crescimento –, definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Este, sim, poderia ser ampliado. Hoje é composto apenas dos ministros da Fazenda e do Planejamento e do próprio presidente do Banco Central.
Nos Estados Unidos, como aqui, o presidente exerce seu papel ao indicar o presidente do BC e definir a política econômica, via CMN, no caso da monetária. Ao Banco Central, cabe cumprir seu papel e se submeter, como todos, ao contraditório, à crítica pública, às pressões tanto do mercado como do Congresso, a quem deve prestar contas constitucionalmente, da mídia, dos partidos, do próprio governo.
Cabe ao BC dialogar com o presidente e os ministros do CMN, dentro sempre da política econômica definida pelo chefe do Executivo e pelo governo.
Votação
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que pretender votar até o fim do ano o projeto de autonomia operacional e mandato fixo do BC. Ele afirmou que vai votar mesmo com as resistências do governo.
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O escândalo da espionagem mostra que De Gaulle estava certo: os EUA não têm amigos, têm interesses


Qual a diferença?

O texto foi publicado originalmente no site DW Brasil.

Washington, 1972. A sede do Partido Democrata dos Estados Unidos é invadida. Os arrombadores pertenciam aos círculos do presidente Richard Nixon. A tentativa criminosa de adquirir informações sobre a estratégia de campanha eleitoral do grupo oposicionista acabaria custando o cargo ao chefe de Estado republicano, dois anos mais tarde.
Desde então, o escândalo de Watergate constitui uma mancha vergonhosa na cultura política dos EUA. E há quatro décadas o nome é usado como sinônimo para descalabros políticos. Portanto, não é acaso o escândalo de espionagem pela Agência de Segurança Nacional (NSA) americana ter sido logo apelidado em Berlim como “Handygate” (“Celulargate”, em tradução livre).
Mas quem vai querer comparar a escuta do telefone da chanceler federal Angela Merkel ao escândalo de Watergate? E, no entanto, em princípio a comparação é legítima: na era digital, não é mais preciso pé-de-cabra e lanterna para se arrancarem informações. Os modos de obtenção são outros, o objetivo é o mesmo.
Os americanos fazem tudo o que é possível, mesmo que seja ilegal ou imoral. É o que eles mesmos dizem de si e de suas pretensões de poder. Nesse aspecto, Barack Obama é, acima de tudo, o principal representante dos interesses de seu país – e é por essa perspectiva que olha o mundo. É bem como declarou certa vez o então presidente da França, Charles de Gaulle: os Estados Unidos não têm amigos, têm interesses.
E os interesses de Washington são globais. Até onde se sabe, os EUA possuem cerca de 80 centros de interceptação de comunicações ao redor do mundo, dos quais 19 na Europa. Dois cabem à Alemanha, sendo um Berlim, o outro em Frankfurt, centro financeiro e bancário do país. Portanto, um local onde é difícil justificar o monitoramento com o combate ao terrorismo. Tudo leva antes a crer que a intenção seja espionar os círculos das altas finanças. E isso é traição.
A Alemanha tem muito a agradecer aos EUA. O Plano Marshall é um dos motivos por que o país se tornou o gigante econômico que é, há décadas.
Diante desse pano de fundo histórico, a República Federal da Alemanha – tanto antes como depois da reunificação do país – nunca se emancipou politicamente de Washington por completo. Quase sempre o país se colocou do lado do grande irmão, incondicionalmente. O “não” do ex-premiê Gerhard Schröder à guerra do Iraque foi uma exceção na história recente.
O escândalo de espionagem é, agora, a chance para uma mudança. Justamente por a relação Alemanha-Estados Unidos ser tão intensa e indissolúvel, a reação de Berlim deve ser radicalmente nova, no tom e nos atos.
As oportunidades para uma objeção decidida por parte da Alemanha existem. Por exemplo, nas negociações para um tratado de livre comércio entre a União Europeia e os EUA; ou na iniciativa teuto-brasileira de obter uma resolução da ONU contra os americanos.
Independente das consequências, a mensagem deve ser: “Agora chega!” Pois se – passados 70 anos do fim da guerra e 23 da unificação da Alemanha – Washington insiste em se comportar como um invasor digital, então chegou a hora colocar a amizade em questão.
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Robinho ‘vai ser convocado’ para o lugar de Diego Costa


Segundo a Folha, Robinho será convocado nesta quinta-feira para os amistosos contra Chile e Honduras, em novembro, algo que não acontece desde 2011. A Folha atribui a informação a fontes de Milão, onde Robinho atua pelo Milan.

Robinho tem jogado como centroavante no Milan. Atuou assim contra o Barcelona, semana passada, pela Liga dos Campeões. Não é um centroavante típico, mas um falso 9, denominação adotada para explicar a função de Messi. Diego Costa também não é um centroavante típico, mas um ponta-de-lança que joga ao lado de David Villa, o mais avançado atacante da Espanha na Copa de 2010.
Felipão viu e gostou. A informação vem de Milão de que Robinho será convocado nesta quinta-feira para os amistosos contra Chile e Honduras, em novembro, algo que não acontece desde 2011. É uma alternativa diferente do que Felipão normalmente usa. Desde seu primeiro título nacional, a Copa do Brasil de 1991 pelo Criciúma, Felipão gosta de centroavante-centroavante.
Soares no Criciúma, Nildo e Jardel no Grêmio, Oséas e Barcos no Palmeiras. Na falta de um camisa 9 clássico, Felipão já recorreu a centroavantes de movimentação. Foi campeão brasileiro de 1996 com Paulo Nunes enfiado na área e Zé Alcino circulando pelo ataque.
A busca por um atacante não é motivada apenas pela recusa de Diego Costa. A convocação do atacante do Atlético de Madri já tentava contornar os problemas de lesão de Fred e de más atuações de Pato, Leandro Damião. Jô, o substituto, não joga bem pelo Atlético desde a Copa das Confederações. Jogou bem pela seleção contra Austrália e Portugal, mas diminuiu seu nível nos dois amistosos mais recentes, contra Coreia do Sul e Zâmbia.
Encontrar um atacante é o desafio de Felipão. Robinho é a bola da vez.
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CERRA E O ROMBO NA PREFEITURA DE SP


Mauro Ricardo teve o “domínio do fato” ? Kassab diz que sim !

Mauro Ricardo é carioca. Formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, se tornou funcionário de carreira da Receita Federal em 1993.
Em 1995, foi trabalhar com o então Ministro do Planejamento, José Serra.
Desde então, se tornou uma espécie de “secretário padrão” de Serra. Sempre que o tucano ocupou um cargo público, Mauro Ricardo esteve com ele como membro destacado da equipe.
Em 1998, depois de perder a eleição para a prefeitura de São Paulo para Celso Pitta, Serra se tornou ministro da Saúde de Fernando Henrique, e lá foi Mauro Ricardo. Na gestão de Serra, ele assumiu a presidência da Funasa, Fundação Nacional de Saúde.
Mauro Ricardo permaneceu no cargo até o fim do Governo de FHC.
Em 2002, Serra perdeu a eleição presidencial para Lula e fica momentaneamente sem mandato.
Nesse período, Mauro Ricardo foi presidir a Copasa, Companhia de Saneamento de Minas Gerais.
Presidiu a estatal mineira entre 2003 e 2004 – na administração do também tucano Aécio Neves.
Em 2004, José Serra é eleito prefeito de São Paulo, e Mauro Ricardo volta a trabalhar com ele, dessa vez, para assumir a Secretaria de Finanças do Município.
No meio do mandato, Serra renuncia para ser candidato ao governo do Estado de São Paulo.
Serra é eleito em 2006, e Mauro Ricardo “sobe” com ele: assume a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.
Em 2010, Serra se prepara para mais um voo presidencial – novo voo frustrado. Ele perde a eleição e fica novamente sem mandato.
O substituto de Serra no Palácio dos Bandeirantes, Geraldo Alckmin, se apressa em ocupar os espaços da máquina do Governo serrista, e a despeito dos pedidos de Serra – noticiados pela imprensa na época – Mauro Ricardo é substituído em 2011.
Imediatamente, Mauro Ricardo volta para a Secretária de Finanças do Município de São Paulo, na gestão do então prefeito Gilberto Kassab. Vice de Serra em 2004, Kassab herdou a prefeitura em 2006, e se reelegeu em 2008.
Mauro Ricardo ficou como titular da pasta de Finanças até o fim do mandato de Kassab.
Nesse período, ele chefiou diretamente – segundo o ex-prefeito Gilberto Kassab, com ”total autonomia” – pelo menos dois dos quatro ex-servidores presos hoje, suspeitos de desviar 200 milhões de reais dos cofres da prefeitura de São Paulo, nos últimos 3 anos.
Mauro Ricardo era chefe direto de Ronilson Bezerra Rodrigues, ex-subsecretário da Receita Municipal (exonerado do cargo em 19/12/2012); e Eduardo Horle Barcelos, ex-diretor do Departamento de Arrecadação e Cobrança (exonerado do cargo em 21/01/2013).
No final do mandato de Kassab, Mauro Ricardo foi ”disputado” por dois prefeitos eleitos em 2012 – Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), de Salvador, e Arthur Virgílio (PSDB-AM), de Manaus.
Mauro Ricardo escolheu Salvador, onde é novamente Secretário de Finanças.
Clique aqui para ler a nota do Prefeito Haddad sobre a “Operação Necator”.

Murilo Henrique Silva, editor do Conversa Afiada
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HADDAD TEMEU FUGAS DE CORRUPTOS ATÉ ÚLTIMA HORA


O prefeito de São Paulo e seu núcleo duro de assessores sabiam desde o final de semana que ex-
altos funcionários da Prefeitura seriam presos; no comando da gestão Fernando Haddad, o 
medo de que pudessem ocorrer fugas prevaleceu até o último momento; após sucesso da 
operação policial, receio passou a ser o de não politizar o caso; extensão das fraudes ainda é 
incógnita, mas golpes somaram pelo menos meio bilhão em prejuízos para a arrecadação 
municipal; "Quadrilha atuou por anos na Prefeitura", afirmou Haddad; "Investigações até 
agora não encontraram conexões políticas"; um dos presos era dono de uma pousada

Marco Damiani 247 – Um pequeno e seleto grupo de auxiliares diretos do prefeito Fernando Haddad dividiu com ele, desde o último final de semana, a angústia de guardar um segredo de meio bilhão de reais.
Este é o volume que se calcula, inicialmente, do que pode ter sido deixado de arrecadar em impostos municipais em razão da ação da quadrilha ex-altos funcionários da Secretaria Municipal de Finanças presa na manhã desta quarta-feira 30, em diferentes pontos da cidade.
Nos últimos dias, quando o cruzamento de dados obtidos pela Controladoria Geral do Município e promotores do Ministério Público Estadual já tinha volume suficiente para a obtenção, na Justiça, de ordens de prisão para os quatro ex-funcionários públicos considerados chefes do esquema, a tensão aumentou na cúpula da administração municipal. Temia-se que qualquer vazamento de informações pudesse alertar o ex-subsecretário Rolilson Bezerra Rodrigues, o ex-diretor de arrecadação Eduardo Horle Barcelos e os auditores Carlos Augusto Di Lallo Leite do Amaral e Luis Alexandre Cardoso Magalhães para o que iria acontecer.
"Os crimes foram muito grosseiros, e se estenderam por muito tempo, era difícil acreditar que eles se achavam tão impunes", contou ao 247 um dos que partilharam antecipadamente com o prefeito o desfecho da operação. "Além disso, já havia o precedente do Aref", continuou, referindo-se ao ex-diretor do setor de Aprovações de Obras da Prefeitura, Hussain Aref Saab. Esse funcionário municipal tornou-se famoso por ter juntado 106 imóveis em seu nome pessoal, no da mulher e de um filho. "Os caras presos hoje poderiam fugir para o exterior, onde devem muito dinheiro guardado". No curso das apurações a Interpol deve ser acionada para localizar possíveis rastros da quadrilha em outros países.
Em entrevista coletiva, Haddad afirmou que a quadrilha atuou "por anos dentro da Prefeitura", sem especificar, no entanto, desde quando. Politicamente, ele passou o dia visivelmente satisfeito com a efetivação das prisões. "Esse é um dia importante porque mostra que foi um acerto termos criado a Controladoria Geral do Município", resgatou o prefeito.
Para o cargo de controlador geral, o prefeito escolhera a dedo o ex- secretário nacional de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas, da Controladoria Geral da União (CGU), Mario Vinicius Claussen Spinelli. Com um vasto currículo de análise de informações, ele viu a pasta ser criada já no segundo dia da gestão de Haddad, em atendimento a uma das principais promessas de campanha do atual prefeito. Hoje já exibe em seu currículo a abertura de mais de uma centena de processos administrativos contra servidores municipais suspeito de corrupção e má conduta, além de ter fisgado os seus quatro peixes grandes.
O prefeito vinha mantendo uma postura discreta sobre problemas encontrados na máquina da administração municipal, apenas dando pistas, em suas entrevistas, de que ao menos um grande caso estava para ser divulgado. Em suas conversas regulares com o controlador geral, o prefeito têm procurado se informar sem, no entanto, colocar pressão em Spinelli por resultados cinematográficos.
"A confiança do prefeito nos métodos de investigação do controlador geral é total", frisou ao 247 um dos colaboradores de Haddad
A equipe de auditores comandada por Spinelli percebeu discrepâncias na arrecadação de ISS de empresas do setor imobiliário e, mirando-se no exemplo do modus operandi de Hussain Aref, passou a cruzar os índices abaixo da média com dados patrimoniais de funcionários público do setor.
Começaram a surgir, nos CPFs desses funcionários, uma série de imóveis, entre os quais até uma pousada de luxo que, agora, tem imagens estampadas em toda a mídia. Casas lotéricas e carros de luxo igualmente foram encontrados no nome dos acusados e de pessoas ligadas a eles. Para espanto dos auditores, os funcionários públicos que serão exonerados e responderão a processos administrativos, além dos processos legais, receberam mais de uma vez grandes depósitos em dinheiros, feitos, acredita-se, por representantes de grandes construtoras, em suas próprias contas correntes.
"Eles operaram com a certeza da impunidade e mal fizeram para apagar seus rastros", assinalou o colaborador de Haddad ao 247.
Após o sucesso das prisões, as informações saídas da Prefeitura procuraram acentuar os aspectos técnicos da ocorrência, de modo a deixar próximo a zero o risco de politização do episódio. Até as vidraças do prédio da Prefeitura sabem que o escândalo remete diretamente aos pontos mais frágeis das gestões de Gilberto Kassab e seu antecessor e padrinho político José Serra, mas da boca do atual prefeito Haddad, está combinado, não sairá uma palavra sobre isso.
"Não vimos conexões políticas nesse caso", disse hoje o prefeito – que tende a repetir isso
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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Lula dá declaração de apoio ao Marco Civil da Internet


O ministro Alexandre Padilha, Raquel de Lima, do FNDC, e Lula apoiam o Marco Civil (Foto: 
Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

A luta pela aprovação do Marco Civil da Internet ganhou um forte aliado. Ontem, o presidente Lula estava no Congresso, onde foi homenageado por ter participado da elaboração do texto da Constituição de 1988. Lula foi abordado por uma ativista com um cartaz em defesa do Marco Civil e, segundo sua assessoria, fez questão de tirar uma foto.
Em seu discurso na Câmara, Lula citou diversas votações importantes já realizadas pelo Congresso e disse: “A lista de leis fundamentais deve crescer agora nesta Casa com a votação, que se dará brevemente, do Marco Civil da Internet neste Congresso”.
O Marco Civil da Internet deve ser votado na próxima terça-feira (5). O projeto de lei (2126/11) do Marco Civil tramita há quase quatro anos no Congresso e, com 34 emendas, o texto ainda sofre pressão e corre risco de ser modificado. Os movimentos sociais defendem que a proposta seja aprovada da forma em que o projeto se encontra atualmente, com exceção do segundo parágrafo do artigo 15, que levanta barreiras ao livre compartilhamento em nome do interesse da indústria do entretenimento.
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Lula espinafra Marina Silva

esquecil (1)

Agora há pouco a Folha publicou algumas declarações de Lula que baixam a bola da "fase economicista" de Marina Silva.

Lula disse que Marina precisa parar de “aceitar com facilidade” lições que estaria tomando na área de economia – uma referência aos velhos tucanos André Lara Rezende e Eduardo Gianetti, o homem da rolha vacum – e parar de dizer, de que o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) deu ao país a estabilidade econômica.”

“A Marina precisa só compreender o seguinte: ela entrou no governo junto comigo em 2003 e ela sabe que o Brasil tem hoje mais estabilidade em todos os níveis que a gente tinha quando entramos. Herdamos do FHC um país muito inseguro, não tinha nenhuma estabilidade, não tínhamos dinheiro sequer para pagar suas importações”, afirmou Lula.


“Tínhamos [US$] 37 bilhões de reservas, dos quais 20 bilhões era do FMI [Fundo Monetário Internacional], e hoje a gente tem [US$] 376 bilhões de reservas, mais [US$] 14 bilhões emprestados ao FMI. Tínhamos uma inflação de 12% quando cheguei e tem uma inflação hoje de 5,8%. Então, eu penso que Marina precisa não aceitar com facilidade algumas lições que estão lhe dando. Ela precisa acompanhar com mais gente o que era o Brasil antes de a gente chegar”.

Para Lula, Marina “deve ter se esquecido” que “em 1998 a política cambial fez esse Brasil quebrar três vezes.
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O mal estar da CBF com o desejo de Diego Costa de jogar pela Espanha



BBC Brasil.

A polêmica em torno do atacante do Atlético de Madri, Diego Costa, envolvendo as seleções de Brasil e Espanha terminou nesta terça-feira com um desfecho que desagradou a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e causou mal-estar para a comissão técnica brasileira.
Depois de ter sido pré-convocado “às pressas” pelo técnico Luiz Felipe Scolari na última sexta-feira para os amistosos contra Honduras e Chile, Diego Costa, naturalizado espanhol, finalmente oficializou publicamente seu desejo de vestir a camisa da Espanha.
A informação chegou à CBF em um evento do Comitê Organizador Local (COL) da Copa realizado em São Paulo. Nele, estavam presentes o presidente do COL e também da CBF, José Maria Marin, além do coordenador técnico da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira.
Questionados sobre o assunto em entrevista, Marin e Parreira demonstraram um certo desconforto e chegaram a entrar em contradição nas respostas sobre o assunto.
A princípio, o presidente da CBF insistiu que, mesmo com a negativa de Diego Costa, o Brasil seguiria tentando “até a última instância’ ter o jogador na Seleção. Parreira foi mais enfático, e deu o assunto por encerrado.
“Existe um processo que é democrático. Eu fui favorável a ele jogar pela Seleção. Mas agora que ele disse isso, eu não o traria. O processo se esgotou, ninguém pode nos acusar de omissão. Está encerrado, vai prevalecer a opinião do jogador”, afirmou o coordenador técnico da Seleção.
Artilheiro
Aos 24 anos, Diego Costa ganhou status de artilheiro no Atlético de Madri, e é o maior goleador da atual temporada do Campeonato Espanhol – 11 gols em 10 jogos, à frente até mesmo de Lionel Messi, do Barcelona, e Cristiano Ronaldo, do Real Madrid.
Em destaque na Espanha, o jogador chamou a atenção da seleção local e foi bastante sondado para defender as cores espanholas na Copa do Mundo, já que, pela Seleção Brasileira, ele ainda não havia disputado nenhuma partida oficial.
O atacante só havia sido chamado para os amistosos contra Rússia e Itália no início do ano, quando atuou cerca de 30 minutos com a camisa verde-amarela.
Com o interesse espanhol, Felipão tentou encerrar a polêmica pré-convocando Diego Costa para os próximos amistosos, mas recebeu nesta terça-feira a notícia de que o atacante já havia comunicado à Federação Espanhola sua decisão de vestir a camisa da ‘Fúria’.
De acordo com a imprensa espanhola, Diego Costa teria tomado a decisão após ter sido deixado de fora de seguidas convocações da Seleção Brasileira, inclusive para a disputa da Copa das Confederações, em junho.
Em depoimento em vídeo publicado nesta quarta-feira no site oficial do Atlético de Madri, o atacante procurou justificar a opção pela Espanha.
“Foi uma decisão bastante complicada porque estive entre o país no qual nasci e o país que me deu tudo”, disse Diego Costa. “Pensei, e decidi jogar pela Espanha.”
“Quero que as pessoas entendam que, em momento nenhum, eu renunciei ao Brasil. Não vejo assim”, acrescentou. “Simplesmente eu me sinto valorizado aqui. Tudo o que eu sou eu devo ao país. Foi uma decisão muito pensada, mas não foi uma renúncia. Espero que as pessoas entendam e respeitem a minha decisão.”
“Sonho de milhões”
Após o anúncio da Federação Espanhola, o treinador brasileiro desconvocou o jogador do Atlético de Madri para os próximos amistosos e não escondeu sua indignação.
“Um jogador brasileiro que se recusa a vestir a camisa da Seleção Brasileira e a disputar uma Copa do Mundo no seu país só pode estar automaticamente desconvocado”, afirmou Felipão ao site da CBF.
“Ele está dando as costas para um sonho de milhões, o de representar a nossa Seleção pentacampeã em uma Copa do Mundo no Brasil”, disse.
De acordo com o discurso de Felipão e Parreira, a Seleção desistiu de vez de contar com Diego Costa na equipe para o Mundial do ano que vem.
Mas, durante o evento em São Paulo, José Maria Marin insistiu que ainda consultará o departamento jurídico da CBF para saber como proceder – seja para conseguir que o atacante defenda as cores do Brasil ou para tentar impedi-lo de vestir a camisa da Espanha.

LULA E O BOLSA: NENHUMA ESTATÍSTICA MEDE A DIGNIDADE !


Essa Sociologia que critica o Bolsa está acostumada a servir à elite.

Na solenidade em Brasília, para comemorar os dez anos do Bolsa Família, o presidente Lula fez um discurso que, aqui, é resumido, em pílulas (não literais):
(Não deixe de ler também a entrevista da Ministra Tereza Campello.)
Disse Lula:
Não existe indicador estatístico que possa medir a dignidade.
Nenhum Orçamento prevê a esperança.
Não basta ter alimento para matar a fome. É preciso ter geladeira, fogão.
Os “especialistas” ficam aborrecidos porque usam o dinheiro do Bolsa Família para comprar dentadura.
É porque esse “especialista” nunca ficou sem dente, nunca tentou mastigar um pedaço de carne sem dente.
É mais difícil vencer o preconceito que a fome.
Chamam de “Bolsa Vagabundagem”, mas 70% dos adultos do Bolsa trabalham.
Eles têm preconceito: acham que se é pobre por indolência.
Para a mãe, o dinheiro do Bolsa não é esmola: é um direito !
O eleitor não precisa mais trocar o voto por um prato de feijão, por uma cuia de farinha.
Essa Sociologia que ataca o Bolsa está acostumada a servir à elite.
O Bolsa tem 10 anos e a injustiça vem de 5 séculos.
Enquanto houver uma família precisando se alimentar, a presidenta Dilma vai atender.
Dizem que o Bolsa eleva o gasto público.
São os mesmos que defendem o desemprego e a redução de salário.
Outro dia eu vi na televisão um cidadão representante de banco defendendo um pouco de desemprego e conter o aumento de salário.
Se desemprego e arrocho salarial resolvessem, não existiriam os problemas que a gente tinha quando o PT chegou ao poder.
Se arrocho e desemprego resolvessem, a Europa já teria resolvido seu problema.
Jorge Viana já disse: muito dinheiro na mão de poucos é concentração, especulação; pouco dinheiro na mão de muitos significa comida, inclusão.
Quando você começa a comer, fica mais bonito.
Não tem nada mais feio que a fome.
Eu fui conversar como presidente George Bush.
Ele só falava do Iraque e das armas de destruição em massa.
E da guerra que ia começar.
Antes que ele me pedisse para entrar na guerra, eu disse que a minha guerra era contra a fome.
O Saddam Hussein nunca fez nada contra mim !
A Guerra do Iraque, como o Bolsa, faz dez anos.
Foi com um pretexto falso: as armas de destruição em massa do Saddam.
A arma química do Iraque era o Saddam, que destruiu o país.
Além das perdas humanas, segundo o Stiglitz (Joseph), a guerra contra o Iraque custou US $ 3 trilhões.
Esse dinheiro dava para fazer bolsas famílias para atender um bilhão e meio de pessoas durante dez anos !
Os Estados Unidos e a Europa já gastaram US$ 10 trilhões para salvar um sistema que foi destruído pela ganancia financeira.
Eu me lembro que quando saí de Garanhuns minhas pernas eram finas e a barriga enorme.
Era só lombriga.
Ficamos 13 dias comendo só farinha.
Os mais ricos levavam farinha e queijo.
Os mais pobres, só farinha.
Hoje, 36 milhões de brasileiros estão no Bolsa Família !
Não podemos deixar um brasileiro sem comer.
A única coisa impossível é Deus pecar.
(A Miriam Belchior, Ministra do Planejamento, e Guido Mantega, da Fazenda) Parem de regatear com os pobres !
Eu sei que é difícil conviver com a nova situação.
A patroa usa um perfume e no dia seguinte a empregada usa um perfume igual.
Não sei se é paraguaio ou não, mas usa.
A empregada ocupa o meu lugar no avião.
É duro !
Eu estava sozinho nessa praça e agora tem esse cara aí.
Isso já aconteceu na Argentina, no interior de São Paulo e vai acontecer no resto do Brasil.

(Reprodução de Paulo Henrique Amorim)
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DEMÓSTENES RECEBE MAIS DE MEIO MILHÃO SEM TRABALHAR


Ex-senador cassado por envolvimento com Cachoeira está afastado há um ano por decisão do 
Conselho Nacional do Ministério Público, mas mantém vencimento, vantagens, diferenças 
salariais e penduricalhos que somam R$ 45 mil por mês; conselheiro Claúdio Portela prorrogou 
por mais 60 dias o afastamento, decisão que precisa passar pelo Plenário; vitalício no cargo em 
decisão que dividiu o CNMP entre novos e antigos membros do MP, pena máxima imposta a 
Demóstenes, se condenado, será aposentadoria com vencimento integral.

Realle Palazzo-Martini (do Goiás247) - O ex-senador cassado Demóstenes Torres vai continuar a receber do Ministério Público de Goiás sem trabalhar por pelo menos mais 60 dias. A decisão é do conselheiro Cláudio Portela, do Conselho Nacional do Ministério Público (CMNP), que prorrogou no último dia 21 o afastamento do procurador, decisão que ainda precisa ser chancelada pelo Plenário do órgão. Ao fim deste mês de outubro, Demóstenes estará afastado a exato um ano, período em que terá recebido, entre vencimentos, vantagens, diferenças salariais de anos anteriores e férias, cerca de R$ 585 mil.
Em julho de 2013, o Ministério Púbico de Goiás confirmou que Demóstenes recebeu perto de R$ 460 mil, resultado de média próxima de R$ 45 mil por mês, soma do vencimento de R$ 24 mil, vantagens, benefícios, férias e uma diferença salarial chamada Parcela Autônoma de Equivalência relativa aos anos de 1994 e 2000 devida a juízes e membros do MP de todo Brasil. Pelos meses de agosto, setembro e outubro, a manter-se a mesma média, o procurador afastado terá recebido outros R$ 135 mil, soma que alcança R$ 585 mil sem precisar sequer aparecer no edifício do MP Goiano.
O caso de Demóstenes se arrasta no CNMP desde que um grupo de 82 promotores e procuradores de Goiás levou o caso ao órgão pedindo providências. A possibilidade de uma punição exemplar ao ex-senador, cassado por envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, naufragou porém após o próprio conselho decidir, em abril último, que Demóstenes é assistido pelo princípio da vitaliciedade. Isso significa que a pena máxima imposta a ele, se condenado, será a aposentadoria com vencimentos integrais.
Racha
A decisão polêmica do CNMP evidenciou uma divergência entre duas alas do Ministério Público: os novos, que entraram depois da Constituição de 1988 – e para quem a vitaliciedade é automática – e os antigos, que ingressaram antes, cuja assistência desse princípio era indefinida. A decisão do caso de Demóstenes, cujo ingresso se deu antes da Carta Magna, estabeleceu o precedente da vitaliciedade universal.
Foi para não ser crucificado pelos colegas antigos que o então procurador-geral da República e presidente do CNMP, Roberto Gurgel, não apenas fez questão de votar pela vitaliciedade de Demóstenes como defendeu que ela é uma garantia da sociedade Brasileira, e não prerrogativa do membro individual do Ministério Público.
Da ala dos recentes, a então relatora do caso Demóstenes, conselheira Cláudia Chagas, apresentou voto pela negativa da vitaliciedade, mas foi vencida. A votação ficou em sete a cinco (dois conselheiros se declararam impedidos e não votaram) e revelou a exata divisão das entre antigos e novos membros do MP.

HADDAD DESCOBRE “NINHO” DE CORRUPÇÃO DE R$ 500 MI


Investigação da Controladoria Geral do Município, criada pelo prefeito Fernando Haddad, 
resultou na prisão, hoje, de quatro ex-altos funcionários da gestão de Gilberto Kassab; ex-
subsecretário da Receita Municipal e ex-diretor de Arrecadação são acusados de liderar 
quadrilha que abatia irregularmente ISS para grandes construtoras; eram da equipe do então 
secretário de Finanças Mauro Ricardo, oriundo da gestão de José Serra; dívidas de R$ 480 mil 
eram resolvidas por R$ 12 mil; centenas de imóveis, carros de luxo e até lotéricas foram 
comprados com verba desviada; "Não foram indicados por mim", desviou-se Kassab; operação 
"acerto de contas" descobriu que escritório da quadrilha era chamado de "ninho"; ficava a 300 
metros da sede da Prefeitura.

Brasil 247 – "Descobrimos outros Arefs", exclamou um secretário municipal diante da prisão, na manhã desta quarta-feira 30, de quatro ex-altos funcionários da Prefeitura de São Paulo.
Ligados à Secretária de Finanças na gestão do prefeito Gilberto Kassab e do secretário Mauro Ricardo, oriundo da equipe do prefeito anterior José Serra, os quatro presos são acusados de fazer parte de uma quadrilha que pode ter desviado mais de R$ 500 milhões dos cofres municipais por meio do abatimento de irregular de dívidas de ISS – Imposto Sobre Serviço, o principal tributo do município.
Segundo investigação com origem em março na Controladoria Geral do Município, criada pelo atual prefeito Fernando Haddad, o grupo concedia "habite-se" para grandes construtoras de imóveis por meio de recebimentos pessoais por fora dos meios normais. Num dos casos apurados, uma construtora com dívida de R$ 480 mil de ISS conseguiu liberar a construção e entrega de um prédio recolhendo apenas R$ 12 mil aos cofres públicos.
Entre os presos na operação "Acerto de Contas" estão o ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues e o ex-diretor de arrecadação do orgão Eduardo Barcelos. Ambos eram do primeiro escalão da Secretaria de Finanças, comandada por Mauro Ricardo. O secretário foi homem de confiança na Prefeitura paulistana do ex-prefeito José Serra e permaneceu no cargo na gestão de Gilberto Kassab.
- Não foram indicados por mim, desviou Kassab ao ser abordado sobre as prisões.
A Acerto de Contas apurou que os negócios ilegais sobre as dívidas de ISS eram feitos num escritório apelidado de "ninho", que ficava a 300 metros da sede da Prefeitura, no centro da capital. Desvios de mais de R$ 500 milhões sobre o principal imposto municipal podem ter sido cometidos. Com o dinheiro obtido, a quadrilha, segundo as investigações, comprou dezenas de imóveis e carros de luxo, além de casas lotéricas. As propriedades foram legalizadas em nomes de terceiros.
A comparação com o caso de Hussain Aref Saab, ex-diretor diretor do Departamento de Edificações da Prefeitura, também nas gestões de Kassab e Serra, é quase automática. Aref amealhou mais de uma centena de imóveis em seu nome e no de familiares. Ele é acusado de ter liderado um esquema de corrupção com grandes construtoras para liberar bem mais facilmente a aprovação de edifícios residenciais e comerciais na maior cidade do país.
Abaixo, notícia divulgada pela assessoria de imprensa da Prefeitura:
Quatro auditores fiscais são presos em operação que desvendou esquema milionário de corrupção na Prefeitura
Operação foi realizada em conjunto entre Prefeitura de São Paulo, através da Controladoria Geral do Município, com o Ministério Público do Estado (MPE)
A Prefeitura de São Paulo, através da Controladoria Geral do Município, criada pelo prefeito Fernando Haddad, em ação conjunta com o Ministério Público do Estado, deflagrou na manhã de hoje, 30, a Operação Necator, que investigou um esquema milionário de corrupção nos cofres municipais. As investigações duraram cerca de sete meses e contaram com o apoio da Secretaria Municipal de Finanças e dos membros da Agência de Atuação Integrada contra o Crime Organizado, que conta com a participação, entre outros, da Secretaria de Estado de Segurança Pública, da Polícia Civil e da Polícia Federal.
Na operação foram presos quatro Auditores Fiscais do município, incluindo o ex-Subsecretário da Receita Municipal (exonerado do cargo em 19/12/2012), o ex-Diretor do Departamento de Arrecadação e Cobrança (exonerado do cargo em 21/01/2013) e o ex-Diretor da Divisão do Cadastro de Imóveis (exonerado do cargo em 05/02/2013). Além das prisões, foram efetuados procedimentos de busca e apreensão de documentos e valores nas residências dos servidores e de terceiros por eles utilizados, assim como nas sedes de empresas ligadas ao esquema.
A operação, realizada nas cidades de São Paulo e Santos e no estado de Minas Gerais, mobilizou mais de 50 agentes da Controladoria Geral do Município, do Ministério Público do Estado de São Paulo e das Polícias Civis de São Paulo e de Minas Gerais. Também foi determinado pela Justiça o sequestro dos bens dos envolvidos e das empresas por eles operadas.
Estima-se que, em decorrência da ação da organização criminosa presa hoje, somente nos últimos três anos, tenha havido um prejuízo potencial superior a R$ 200 milhões para os cofres do Município de São Paulo, valor que pode chegar a R$ 500 milhões, se considerado todo o tempo em que os operadores do grupo atuaram no esquema desvendado.
As investigações tiveram seu início a partir da identificação, pela recém-criada Controladoria Geral do Município, de auditores fiscais que apresentavam fortes indícios de evolução patrimonial incompatível com a respectiva remuneração. Foi detectado que dois desses servidores atuavam em um mesmo setor, responsável pela arrecadação do ISS para fins de emissão do habite-se de empreendimentos imobiliários recém-construídos.
Por meio de análise estatística efetuada pelo seu setor de inteligência e de produção de informações estratégicas, a Controladoria constatou que nas obras sob a responsabilidade desses auditores fiscais a arrecadação do ISS era substancialmente menor ao percentual arrecadado pela média dos outros servidores que atuavam na mesma área.
De posse de tais dados, foi acionado o Ministério Público do Estado de São Paulo e iniciou-se uma investigação conjunta com o Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Carteis e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos – Gedec.
No curso das investigações, com as informações decorrentes da quebra dos sigilos bancário e fiscal, dos dados provenientes do sistema de inteligência financeira e das interceptações telefônicas dos investigados, autorizadas pela Justiça, foi possível ratificar, não apenas a hipótese do crime de corrupção, como também toda a cadeia de comando da organização criminosa e a existência de um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro.
Do mesmo modo, por meio do exame dos dados oriundos da quebra do sigilo bancário, o Gedec identificou a existência de diversas transferências, em valores vultosos, efetuadas por empresas construtoras e incorporadoras de imóveis na conta corrente de empresas de titularidade de alguns dos auditores fiscais investigados e de seus familiares. Na conta bancária de uma dessas empresas houve depósitos de empresas construtoras que, em somente um mês, totalizaram mais de R$ 1,8 milhões. Outro detalhe que impressiona é que, no mesmo dia ou poucos dias após os depósitos, coincidentemente certificados de quitação do ISS eram emitidos, de modo que os empreendimentos imobiliários administrados pelas mesmas construtoras pudessem obter o “habite-se”.
Apenas exemplificando, em 02/12/2010, uma das construtoras/incorporadoras efetuou uma transferência bancária no valor de R$ 407.165,65 para a conta da empesa de um dos fiscais. No dia seguinte, 03/12/2010, a mesma empresa obteve o certificado de quitação do ISS, mediante o recolhimento aos cofres públicos municipais no valor de R$ 12.049,59, quantia cerca de 34 vezes menor que aquela depositado na conta da empresa do servidor.
Além disso, testemunhas foram ouvidas e confirmaram a extorsão efetuada e o “modus operandi” da organização criminosa, informando detalhes e o nome de outros possíveis agentes que supostamente também atuavam no esquema.
A Controladoria Geral do Município, dando prosseguimento às investigações já em curso, irá instaurar processo disciplinar para apurar as responsabilidades, na esfera administrativa, dos servidores envolvidos. Além disso, também determinará a instituição de uma força-tarefa, com vistas a adoção de medidas para o ressarcimento aos cofres municipais, inclusive, se for o caso, por meio da cobrança junto às empresas que possam haver se beneficiado do esquema.
Os servidores também deverão responder pelos crimes de concussão/corrupção passiva, advocacia administrativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
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“Por que você atirou em mim?”


A vida nas franjas de SP, onde Douglas foi executado

Por : Edson Domingues

“Por que você atirou em mim?” Esta foi a última frase do adolescente Douglas Martins Rodrigues, executado na tarde do último domingo por policiais da Força Tática. A pergunta quase infantil de Douglas pode traduzir-se em afirmação: o Estado que chega ao Parque Edu Chaves – zona norte paulistana – é o Estado repressor.
Douglas buscava na tarde de domingo opção de lazer. Junto com o irmão, procurava autorização de algum familiar para participar de um torneio de pipas que ocorria num município vizinho na grande São Paulo. 24 horas depois o Secretário de Segurança Pública busca resposta à rotina praticada por policiais de sua corporação: abuso de autoridade e uso indiscriminado da violência.
Milhares de jovens da periferia encontram na rua o espaço de entretenimento. Como não há presença do Estado com equipamentos que dialoguem com a faixa etária mais presente nos distantes bairros da maior cidade da América Latina, a rua é o palco da convivência, da solidariedade e da tragédia.
No Parque Edu Chaves, Vila Medeiros e Jaçanã as noites são caladas. Não é raro escutar o velho ditado: “Aqui o filho chora e a mãe não ouve”. Não se trata da velada ameaça da bandidagem ou da organização criminosa no território, mas sim da distância geográfica dos serviços mais qualificados e dos governos.
Os pequenos campos de futebol são ocupados a cada dia, seja pela construção civil, seja por movimentos de moradia. Aqui não se sabe exatamente como será o amanhã. O comércio aguarda durante a semana a chegada do sábado, do domingo, dias de maior movimento nas padarias, salões de cabelereiros, bancas de jornais e outros serviços. Assim funciona a economia. Numa ponta do bairro, comércio. Na outra ponta do espaço geográfico, à beira da rodovia, esgoto no meio fio e crianças na calçada.
Subhabitações, puxadinhos e barracões predominam o cenário que ao entardecer torna-se precário com a escuridão. Há aqueles “parados na esquina”, que todos sabem a quem atendem, sejam eles vizinhos, sejam vizinhos de bairros de classe média alta em busca da diversão mais comum por aqui: o uso de drogas, leves e pesadas. Ainda assim, há laços de amizade, de parentesco, de associação.
A revolta que ocupa as ruas do Parque Edu Chaves é construída na esteira da comoção do disputado velório do jovem inocente. Se na periferia não há o exercício mínimo do aparato estatal para assegurar a prática cidadã, as relações entre os que ali moram se reforçam na solidariedade. Ou, ainda, as relações de troca no espaço público ocorrem entre os iguais via rede de solidariedade, tão marcante num ambiente formado de habitações precárias e de um urbanismo surreal, árido.



É na franja da cidade que essa rede mais se manifesta diante da ausência de Estado, seja na colaboração entre mães para zelar pelo filho alheio durante a extensa jornada de trabalho, tempo perdido em precários ônibus que circulam sem regras de horário ou mesmo de trânsito, seja na solidariedade diante da fome, da dependência química, da construção da laje em pleno domingo ou da orgânica função das instituições religiosas num mar de esquecidos.
Aqui, o Estado é separado da sociedade. Não há sentimento de representação. A representação quando se dá é pela força. Outro ditado muito ouvido por aqui é: “Se não vai no amor, vai no terror.”
Atribuir ao recall da empresa fabricante do armamento da polícia paulista a execução de mais um jovem na cidade é maquiar a realidade presente nas tardes de domingo nos distantes bairros da periferia. As cenas dos telejornais da manhã de hoje exibiam jovens, negros, esfarrapados, numa catarse pré-anunciada do distante centro expandido da capital.
Não é a economia, estúpido! Os mesmos jovens que pela porta principal do distrito policial exibiam suas faces são aqueles que constam nas estatísticas da nova classe média brasileira. Da rua pra dentro de casa, as coisas vão bem, obrigado. É no espaço público que “o bicho pega”. Com as mazelas de um Estado que pouco chega, e quando chega mata, balbuciam palavras embargadas de sangue: “Por que você atirou em mim?”
Alckmin terá como zumbido a macabra pergunta.
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Que a coragem de Cristina Kirchner em enfrentar monopólios de mídia inspire Dilma

Inspiradora

por : Paulo Nogueira

Há uma enorme torcida na mídia brasileira contra o governo de Cristina Kirchner. Colunistas brasileiros festejaram “o fim de seu ciclo” na Argentina depois dos resultados das eleições legislativas de domingo.
Mas como mostrou hoje a charge do jornal argentino Página 12: que “derrota” peculiar é aquela em que o governo mantém a maioria no Congresso. Pois foi isso o que aconteceu na Argentina.
E eis que, mal terminada a apuração dos votos, Cristina obtém uma de suas maiores vitórias como presidenta, senão a maior. A Suprema Corte da Argentina aprovou a famosa Ley de Medios.
É uma lei que combate monopólios e estimula a pluralidade nos debates trazidos pela mídia.
O grupo Clarín – uma espécie de Globo local – se bateu quanto pôde contra a lei. Seu ponto – quem acredita nele acredita em tudo – é que se trata de uma legislação contra a liberdade de expressão.
Mentira.
O grupo Clarín poderá continuar a dizer o que quer. Apenas não terá o monopólio da voz. A decisão da justiça encerra a disputa: o Clarín vai ter que se desfazer de parte de seu monstruoso portfólio de mídia.
Conexões com o Brasil são inevitáveis. Até quando a Globo continuará a desfrutar de seu monopólio abjeto, com o qual seus três acionistas herdaram a maior fortuna brasileira?
Até quando a mídia negará aos brasileiros, sem embaraço de qualquer natureza, pluralidade nos debates?
Cristina Kirchner fez uma coisa que nem Lula e nem Dilma (pelo menos até aqui) ousaram: enfrentou a mídia.
Ah, as circunstâncias lá são diferentes, objetarão alguns. Sim, nada é exatamente igual em dois países. Isto é um truísmo. A real diferença entre o caso argentino e o caso nacional reside na bravura de Cristina para combater o bom combate.
No Brasil, há décadas sucessivos governos se acovardam quando se trata de lidar com a mídia. Numa situação patética, as empresas de jornalismo não pagam imposto pelo papel com que imprimem suas publicações, sejam jornais ou revistas.
São os cofres públicos financiando, pelo chamado “papel imune”, empresas riquíssimas empenhadas em perpetuar privilégios nocivos à sociedade.
Outra mamata inacreditável é a reserva de mercado de que a mídia goza, ela que fala tanto na importância do livre mercado.
Num artigo relativamente recente publicado no Globo para defender a reserva, foi dito que as novelas são “patrimônio nacional”, e por isso não podem ser ameaçadas pela concorrência estrangeira. Também foi dito que haveria risco de uma emissora chinesa fazer propaganda de Mao Tsetung, caso instalada no Brasil.
O autor desse beatialógico é o hoje ministro do Supremo Luís Roberto Barroso, à época advogado do órgão de lobby da Globo, a Abert.
Quanto o poder irrestrito da mídia é ruim para o Brasil foi espetacularmente demonstrado em 1954 e em 1964, quando seus donos conspiraram abertamente contra governo eleitos e fizeram campanhas nas quais a verdade foi a primeira vítima.
Curiosamente, depois de chegar ao poder com uma grande frase segundo a qual a esperança deveria vencer o medo, o PT agiu de forma oposta em relação à mídia. O medo venceu a esperança.
Mesmo sem dentes, mesmo com Ibope em queda livre, mesmo sem ganhar uma única eleição em muitos anos, mesmo ameaçado de morte pela internet, o Jornal Nacional continua a meter medo, melhor, pavor em administrações petistas.
Em Cristina Kirchner, a esperança foi maior que o medo, e o resultado é uma conquista histórica não dela, não de seu governo – mas da Argentina.
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Movimentos cobram de Jatene destinação da área do Juá


Grandes crateras estão se formando no local onde estava sendo construído um conjunto 
habitacional

Saiu no "O Impacto"

Uma reunião realizada na tarde desta terça-feira, 29, na Câmara Municipal de Santarém, entre membros do Movimento Salve o Juá e o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), José Alberto Colares, debateu a destinação do terreno localizado às margens da rodovia Fernando Guilhon, próximo ao Lago do Juá, onde seria construído um conjunto habitacional pela empresa Buriti.
José Colares esteve em Santarém para reunir com o Movimento Salve o Juá (MSJ), onde durante o encontro, ambientalistas cobraram medidas emergenciais que possam minimizar os graves problemas que atingem o Lago do Juá e a área no seu entorno.
O MSJ avisou que vai pressionar os órgãos públicos para que a empresa Buriti seja punida severamente pelos danos causados a natureza e cobrar um posicionamento firme do governador Simão Jatene, em relação ao destino da área em questão.
“Mais um inverno está chegando e na última vistoria, percebemos o quanto aquela área está frágil diante de tanta agressividade. No encontro observamos o verdadeiro posicionamento do governo estadual”, disse em nota o MSJ.

Para os ativistas, o governador Simão Jatene ou é a favor do povo, prezando pelo bem da sociedade, da cidade ou é contra a população. “Nenhum interesse particular pode estar acima dos interesses da população. Vamos pressionar até esgotarem as forças, mas não vamos fraquejar! No futuro, vamos poder dizer que lutamos com todas as forças! Não vamos entregar nosso patrimônio ambiental para projetos de destruição! Fora Sisa/BURITI”, avisa o MSJ.
Durante a reunião, o presidente da Câmara Municipal de Santarém, vereador Henderson Pinto (DEM), declarou apoio a causa do Movimento Salve o Juá. Já o titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), Podalyro Neto, foi enfático em falar dos crimes que ocorreram na área em questão e garante que jamais vai apoiar os delitos e que vai agir de acordo com as leis ambientais. 
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