segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

ESPECIALISTAS REBATEM DEFESA DE BARROSO DE PRIVATIZAÇÃO DA UERJ


O Movimento "Direito para Quem?" destacou em nota que o ministro utilizou de eufemismo 
para defender a privatização do ensino e que, de forma conveniente, não responsabilizou as 
administrações de Cabral e Pezão, ex e atual governador do Estado, no sucateamento da 
Universidade

Do Justificando – Em artigo publicado no jornal O Globo neste sábado, 15, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu um modelo de financiamento privado para as Universidades Públicas nos moldes norte-americanos. O ministro se baseou na crise financeira na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) para propor a privatização do ensino público superior. “Precisamos conceber uma universidade pública nos seus propósitos, mas autossuficiente no seu financiamento” – afirmou.
O ministro ainda defendeu a reunião das “melhores cabeças do país e, talvez, uma consultoria internacional” para repensar o sistema público de ensino, além dela ter uma gestão profissional e “despolitizada”.
O artigo causou incômodo e foi rebatido por especialistas e movimentos. Nas redes sociais, o Professor da Universidade Federal Fluminense e Doutor pela UERJ, Enzo Bello, destacou que não há como se comparar o contexto estadunidense com o brasileiro – “Nas linhas e entrelinhas, [Barroso] indica o modelo estadunidense, financiado por “doações de ex-alunos” e grandes corporações privadas. Contexto completamente diferente do Brasil, sobretudo em termos de formação histórica, cultural, socioeconômica… e constitucional!”.
Luís Roberto Barroso, o filho ingrato da universidade pública



POR FERNANDO BRITO 

O Dr. Luis Roberto Barroso tem a marca daquilo que de pior o caráter humano pode ter: a ingratidão.
Ele e eu nascemos no mesmo ano – 1958 – e ontem, numa reunião de queridos amigos, eu comemorei os 40 anos passados desde que nos conhecemos, na turma que iniciou seus estudos em 1997 na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Muitos de nós não estaríamos ali se a universidade não fosse pública e gratuita.
É verdade que alguns poderiam pagar, mas mesmo os que vinham de classe média, olhe lá se poderiam desembolsar uma mensalidade cara.
Ainda assim, o fato de todos sermos iguais – podendo ou não – foi o responsável por sermos até hoje, sendo diferente, sermos iguais e, poir isso, à parte às nuances de opinião de cada um, nos entendermos sempre e nos aceitarmos como nunca.
Não sei se a família do Dr. Barroso poderia pagar o prestigiado curso de Direito da UERJ – no qual ele se vangloria de ter sido o 1° colocado nas provas para livre docente e titular.
Coisa tão idiota quanto eu dizer que, já casado e pai de filhos, em que posição passei no vestibular para lá, no curso de Direito que não pude terminar, mesmo grátis, porque a vida é dura.
Mas o Dr. Barroso não se alimentou com os recursos da educação pública: não, entupiu-se deles.
E agora, que é dono de uma rica banca de advocacia, pelos méritos que aquele ensino gratuito lhe permitiu acumular, vomita como inservível.
Minha mãe, filha de um operário e uma costureira, foi aluna da mesma universidade do Dr. Barroso, então ainda Universidade do Distrito Federal, que agora está ameaçada de ser fechada.
Posso, orgulhosamente, dizer ao Dr. Barroso que, na minha família, ninguém cospe no prato onde comeu saber, conhecimento, dignidade.
Não vou me elevar a argumentos teóricos, como os expostos por professores de Direito no site Justificando.
Fico nos morais: aquilo que a sociedade me deu, como base pra o que sou hoje, tem valor social.
Subordinar ao dinheiro privado a minha mãe intelectual, com todos os defeitos que possa ter, é prostituí-la.
O que o Dr. Barroso, filho bem cuidado da universidade pública, faz, para mim, tem este nome.
Tenho dúvidas de que poderíamos querer ser chamados pelo nome que merecem os que querem este destino para nossas mães intelectuais.
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