terça-feira, 23 de maio de 2017

GRAMPO COM ANDREA NEVES DERRUBA O "ROLA BOSTA"


Em conversa interceptada pela Polícia Federal, o jornalista Reinaldo Azevedo dialoga com 
Andrea Neves, irmã do senador afastado Aécio Neves, e classifica uma reportagem da revista 
Veja, onde trabalha, como "nojenta"; ele se referia à edição que trouxe Aécio na capa; no 
mesmo diálogo, ele também critica o procurador-geral da República, Rodrigo Janot; assim que 
a conversa foi divulgada, Reinaldo pediu demissão de Veja e disse que o grampo violou um dos 
pilares da democracia, que é o sigilo entre jornalistas e suas fontes: "Há uma agressão a uma 
das garantias que tem a profissão. A menos que um crime esteja sendo cometido, o sigilo da 
conversa de um jornalista com sua fonte é um dos pilares do jornalismo", escreveu, em 
resposta ao portal BuzzFeed.

247 - O jornalista Reinaldo Azevedo teve uma conversa com Andrea Neves, irmã do senador 
afastado Aécio Neves, interceptada pela Polícia Federal, informa o portal BuzzFeed. O assunto 
tratado são as acusações contra Aécio contidas na delação da Odebrecht.
No diálogo, ele classificou uma reportagem da revista Veja, onde trabalha, como "nojenta". Ele se 
referia à edição que trouxe Aécio na capa, com o título "A vez de Aécio", que traz a acusação do 
empresário Alexandre Accioly, dono da academia Bodytech, de que emprestou uma conta em 
Cingapura para Aécio receber propina da Odebrecht.
"Aí aparece uma história maluca, que já tinha aparecido um mês atrás mais ou menos naquele site 
BuzzFeed, dessa conta do Accioly em Cingapura. Que era, em tese, o mesmo dinheiro da minha em 
Nova York, que é o tal dinheiro da [usina] Santo Antônio. É essa coisa mágica, que ninguém 
consegue explicar, porque que o Aécio poderia ganhar uma bolada desse tamanho numa obra que é 
do governo federal. [...]", comenta Andrea na conversa.
Reinaldo criticou também o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele dizia que o Janot 
atacava Aécio por supostas pretensões de se candidatar ao governo de Minas Gerais ou ao Senado.
Assim que a conversa foi divulgada, o colunista pediu demissão de Veja e disse que o grampo violou 
um dos pilares da democracia, que é o sigilo entre jornalistas e suas fontes. 
"Há uma agressão a uma das garantias que tem a profissão. A menos que um crime esteja sendo 
cometido, o sigilo da conversa de um jornalista com sua fonte é um dos pilares do jornalismo", 
escreveu.
"A PF não considerou indícios de crimes na conversa realizada entre o jornalista e sua fonte, Andrea 
Neves. Mesmo assim, as gravações foram anexadas pela Procuradoria-Geral da República ao 
conjunto de áudios anexados ao inquérito que provocou o afastamento de Aécio e a prisão da irmã", 
diz a reportagem do BuzzFeed.
Leia aqui o diálogo gravado e confira a íntegra da resposta de Reinaldo:

"Pela ordem:
Comecemos pelas consequências.
Pedi demissão da VEJA. Na verdade, temos um contrato, que está sendo rompido a meu pedido. E a 
direção da revista concordou.
1: não sou investigado;
2: a transcrição da conversa privada, entre jornalista e sua fonte, não guarda relação com o objeto da 
investigação;
3: tornar público esse tipo de conversa é só uma maneira de intimidar jornalistas;
4: como Andrea e Aécio são minhas fontes, achei, num primeiro momento, que pudessem fazer isso; 
depois, pensei que seria de tal sorte absurdo que não aconteceria;
5: mas me ocorreu em seguida: "se estimulam que se grave ilegalmente o presidente, por que não 
fariam isso com um jornalista que é critico ao trabalho da patota.
6: em qualquer democracia do mundo, a divulgação da conversa de um jornalista com sua fonte seria 
considerado um escândalo. Por aqui, não.
7: tratem, senhores jornalistas, de só falar bem da Lava Jato, de incensar seus comandantes.
8: Andrea estava grampeada, eu não. A divulgação dessa conversa me tem como foco, não a ela;
9: Bem, o blog está fora da VEJA. Se conseguir hospedá-lo em algum outro lugar, vocês ficarão 
sabendo.
10: O que se tem aí caracteriza um estado policial. Uma garantia constitucional de um indivíduo está 
sendo agredida por algo que nada tem a ver com a investigação;
11: e também há uma agressão a uma das garantias que tem a profissão. A menos que um crime 
esteja sendo cometido, o sigilo da conversa de um jornalista com sua fonte é um dos pilares do 
jornalismo".
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