sexta-feira, 23 de junho de 2017

A Globo mete a mão no dinheiro público até pela Rouanet


RenAnta Vasconcelos e Otário Bonner

Um ministro de Geisel uma vez disse o seguinte num despacho para seu chefe: “Os jornais não 
vivem e nem sobrevivem sem o governo”.
Isto, segundo ele, era uma arma poderosíssima que a administração Geisel devia usar em sua relação 
com a imprensa.
Roberto Marinho, disse ainda o ministro, era mestre em pedir “favores especiais” a Geisel por conta 
do apoio que dava à ditadura.
Tudo isso está no livro Dossiê Geisel, feito com base em documentos pessoais de Geisel doados à 
Fundação Getúlio Vargas.
Lembrei dessas coisas todas ao ver a lista dos maiores beneficiários da Lei Rouanet em 2015. Ali 
não estavam os artistas sempre acusados pelos analfabetos de mamar na Rouanet, como Chico e Zé 
de Abreu.
Mas a Globo estava, pela Fundação Roberto Marinho.
Abaixo, a lista de quem foi mais favorecido pela Rouanet:



Mais que uma empresa, a Globo é uma máquina de meter a mão no dinheiro dos contribuintes. Este é 
sem dúvida seu maior talento. Às fórmulas clássicas — publicidade oficial, financiamentos de 
bancos como BNDES, vendas de livros e assinaturas de jornais e revistas — a Globo acrescentou 
novidades, nos últimos anos, como a sonegação de impostos.
E até a Rouanet passou a ser utilizada para transferir recursos do pobre contribuinte brasileiro para os 
Marinhos.
Não foi dito que projetos da Fundação RM foram financiados pela Rouanet. Mas a pergunta é 
inevitável: a Globo precisa de mais esta mamata? A família mais rica do Brasil não pode abdicar da 
Rouanet para que sobre dinheiro para artistas que não tenham a fortuna dos Marinhos?
É sempre assim.
Na era FHC, uma gráfica nova — e ruinosa — da Globo foi bancada pelos contribuintes, pelo 
BNDES. Não foi um empréstimo: foi uma cusparada na sociedade, autorizada por FHC. Imagine se 
o Banco da Inglaterra enchesse de dinheiro Murdoch de libras para uma nova gráfica? Thatcher 
sairia do túmulo.
A inépcia gerencial da Globo — mesmo com tantos privilégios esteve várias vezes insolvente — se 
explica na voracidade com que se atira a recursos públicos. Você não pode ser bom em tudo. E se 
você desenvolve excelência em mamar dinheiro público provavelmente não terá tempo para se 
aprimorar em outras coisas.
E então você vai atrás de cada real público que esteja a seu alcance. Por exemplo, os reais da 
Rouanet.
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