POR FERNANDO BRITO
Há 36 anos, uma querida amiga, a escritora, deputada e líder feminista Heloneida Studart, ainda no
PMDB “autêntico”, inconformada com o fato de eu estar apoiando a candidatura de Leonel Brizola
ao Governo do Estado, disse-me:
-Fernando, eu estive no Morro da Formiga e uma senhora me disse que não ia poder votar em mim
-Fernando, eu estive no Morro da Formiga e uma senhora me disse que não ia poder votar em mim
porque votaria no Brizola para Governador (o voto era vinculado, então). E que ia votar porque
Brizola ia tirar dos ricos para dar aos pobres. Fernando, você sabe que ele não pode fazer isso, não
tem como…
E eu respondi que sabia que isso só poderia acontecer timidamente, com políticas públicas, mas que
E eu respondi que sabia que isso só poderia acontecer timidamente, com políticas públicas, mas que
achava muito mais importante e transformador que um mulher pobre, de uma favela carioca, fosse
capaz de sentir, pensar, falar e agir para que a renda não fosse tão escandalosamente concentrada no
Brasil.
Lula, de certa maneira, sempre teve este significado: por ser quem é, por ter vindo de onde veio e por
Lula, de certa maneira, sempre teve este significado: por ser quem é, por ter vindo de onde veio e por
ter, nos limites da governabilidade, orientado muitas – e não todas – políticas públicas neste sentido.
Embora estivesse longe de “tirar dos ricos para dar aos pobres”, deu ao povão uma fatia maior do
crescimento econômico, maior que as migalhas que sempre lhe couberam.
O seu discurso, na noite de ontem, em Piracicaba (SP) mostra que o Lula de 2018 – e Lula, com
O seu discurso, na noite de ontem, em Piracicaba (SP) mostra que o Lula de 2018 – e Lula, com
sentença ou não, é o principal personagem da eleição de 2018 – é o Lula capaz de falar, com todas as
letras, o que aquela senhora disse a Heloneida.
Acompanhe o seu discurso de ontem à noite, do qual não destaco um trecho porque, mais que
Acompanhe o seu discurso de ontem à noite, do qual não destaco um trecho porque, mais que
qualquer argumento, é o sentimento o que tem, nele, a força irresistível. É um vulcão, que expõe as
entranhas de um país coberto por uma crosta que a sufoca. A fria racionalidade dos tecnocratas, dos
homens “práticos” sempre diz que é preciso mante-la assim. Mas, sob a capa endurecida das elites,
ela teima em rugir.
Veja porque é tão importante não apenas evitar que Lula seja candidato e, mais ainda, que ele seja
Veja porque é tão importante não apenas evitar que Lula seja candidato e, mais ainda, que ele seja
presidente.
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