segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

POR QUE O NARIGUDO DA GLOBO NÃO SERÁ CANDIDATO


Aguinaldo, o único livro que ele lê é o livro-caixa 

​Por Joaquim Xavier​ - Conversa Afiada

Na miséria política intelectual em que o país está mergulhado à força, aguçada pelo golpe de 2016, 
não espanta que nomes como Luciano Huck ocupem páginas e páginas da mídia em extinção.
Chegamos a esse ponto.
Tive oportunidade de trabalhar com Luciano Huck, ou para ele, melhor dizendo. Boa praça, tinha 
uma coluna de futilidades sustentada pela amizade com o dono do jornal. Falava do nada sobre nada. 
O espaço servia apenas como troca de favores com patricinhas e mauricinhos que sempre habitaram 
o universo do hoje (des) animador. De vez em quando, o próprio arriscava algumas linhas de sua 
lavra. Nunca a língua portuguesa foi tão açoitada. Tinham que ser reescritas de alto a baixo para 
manter algum parentesco com o dicionário.
É curioso, a propósito, que gente como o noveleiro Aguinaldo Silva se preocupe tanto com o cabedal 
literário de Lula. Pergunte a Luciano Huck quantos livros ele leu. Se leu algum, se entendeu. Isso 
para não falar da diferença insuperável entre um líder popular provado e considerado o melhor 
presidente da história do país e um mauricinho militante, rico desde a infância, que teve todas as 
oportunidades do mundo para se instruir, mas sempre preferiu navegar nas ondas do dinheiro fácil.
Sim, Huck gosta de um tipo de livro: livro caixa. Nunca escondeu de ninguém que seu horizonte era 
o estrelato turbinado pela dinheirama que lhe escorria aos borbotões. Sua atividade empresarial no 
início consistia em abrir boates na capital e litoral paulistas, voltadas a gente cheirosa. Suas 
primeiras incursões na TV limitavam-se a programas de jovens chiques, uma espécie de Amaury 
Júnior dos shoppings. Graças ao ambiente em que sempre circulou, ampliou sua exposição na TV 
aberta, da qual guardamos como herança personagens como Tiazinha, Feiticeira –que, aliás, nem 
sequer foi ele quem criou.
Na sua entrada na Globo, Huck produziu cenas de corar até os donos da emissora. Fez juras de amor 
ao grupo dos Marinho, vestiu a camisa como poucos, casou com uma global e ganhou um programa 
de presente. Nele, finge se preocupar com os pobres, distribui brindes, chora lágrimas seletivas. Uma 
lástima, mas no mundo do “entretenimento” vale tudo.
Vale até comparações esdrúxulas com a americana Oprah Winfrey. Um dos maiores entusiastas do 
paralelo é aquele colunista de nome Merval Pereira. A este sujeito, da Academia Brasileira de Letras, 
nunca ocorreu discorrer sobre a aversão de Huck às letras propriamente ditas –o que diz muita coisa 
sobre o personagem e a instituição a que pertence. Pior e decisivo: comparar a biografia de Huck 
com a de Oprah beira o insulto à americana, com a qual não simpatizo nem antipatizo. Apenas 
respeito.
Conhecendo Huck o suficiente e seu apego inarredável aos livros-caixa, posso afirmar sem nenhum 
medo de errar: não será candidato. O motivo vem justamente daí. Por que diabos um cidadão como 
como este vai querer se expor de verdade ao distinto público, ter suas contas devassadas, sua vida 
escrutinada, a biografia investigada?
Para não ir muito longe, alguns de seus amigos de fé, Aécio Neves e Alexandre Accioly, tornaram-se 
figuras notoriamente conhecidas como meliantes profissionais. Um deles, aliás, Accioly, laranja de 
José Serra, até há pouco tempo era sócio de Huck. A primeira pergunta que mesmo o jornalismo 
apodrecido da mídia tradicional seria obrigado a se fazer é até que limite tal sociedade e amizade não 
descambaram para negócios ainda mais escusos. Precisa desenhar?
Não se trata de acusação, mas de constatação. Huck ficará fora dessa. Não que vá ficar calado. Vai 
jogar seu papel, contracenar mentiras primitivas como fez no Faustão –desmascaradas 
inapelavelmente por Fernando Brito, do Tijolaço— e aproveitar o momento para engordar o próprio 
caixa.
Pode apostar sem medo de errar.
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