sexta-feira, 16 de março de 2018

Bala usada para matar Marielle é de lotes vendidos para a Polícia Federal e Reportagem relaciona morte de Marielle com indiciado na CPI das Milícias


A munição utilizada pelos criminosos que mataram a vereadora Marielle Franco (PSOL) com tiros
de uma pistola calibre 9mm na quarta-feira (14) é de lotes vendidos para a Polícia Federal de Brasília 
em 2006. De acordo com a perícia da Divisão de Homicídios, o lote de munição UZZ-18 é original, 
ou seja, ela não foi recarregada. A informação foi confirmada após a perícia feita pela Polícia Civil 
nesta quinta-feira (15). Agora, as polícias Civil e Federal vão iniciar um trabalho conjunto de 
rastreamento.
Segundo a investigação, os lotes de munições foram vendidos à PF de Brasília pela empresa CBC no 
dia 29 de dezembro de 2006, com as notas fiscais número 220-821 e 220-822.
A polícia também investiga a participação de um segundo carro no assassinato da vereadora e do 
motorista Anderson Gomes. Segundo os investigadores, quando a vereadora voltava de um evento na 
Lapa, esse veículo passou a seguir o carro de Marielle junto com um Cobalt com placa de Nova 
Iguaçu. As imagens não foram divulgadas pela polícia.
Delegado e procurador dizem que Marielle pode ter sido morta por milicianos
Um delegado da Polícia Civil e um procurador que atua diretamente na investigação do assassinato 
de Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, afirmaram que tudo indica que milicianos 
podem estar por trás do atentado.
O procurador José Maria Panoeiro, do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, disse à BBC 
Brasil que uma "a forma de organização do crime, o fato de a assessora não ter sido alvejada 
diretamente e o fato de o motorista ter levado um tiro por trás denota um certo grau de planejamento 
(da ação) que leva a colocar policiais como suspeitos da prática do delito."

Reportagem do portal The Intercept relaciona a morte de Marielle Franco com a visita de um ex-
vereador à Câmara no último dia 7. Trata-se de Cristiano Girão Matias, que foi indiciado pela CPI 
das Milícias. Marielle foi assessora de Marcelo Freixe nessa comissão parlamentar, em 2008.
"Na mesma noite do assassinato de Marielle, outra pessoa ligada a Girão foi morta. A ex-mulher do 
miliciano – a funkeira Samantha Miranda – e seu marido, Marcelo Diotti da Mata, foram alvejados 
por tiros de fuzil no estacionamento de um restaurante na Barra da Tijuca. Este foi o segundo 
atentado sofrido pelo casal. Na primeira vez, Samantha acusou o ex-vereador de ter contratado um 
homem para matá-los", resumiu a Revista Fórum.
Girão, segundo a matéria original, frequentou a Câmara do Rio entre janeiro e dezembro de 2009. 
Depois foi preso, sob a acusação de comandar uma milícia em Jacarepaguá. Em outubro de 2010, 
depois de quase um ano na cadeia, teve o mandato cassado por excesso de faltas.
Ele esteve na sede da Câmara, no último dia 7 de março, com registro de entrada às 12h09.
Após execução de Marielle, general no Rio ordenou bater 
continência e parte da polícia desobedeceu

Reportagem de Maria Cristina Fernandes no Valor Econômico.

Chefe de gabinete do general Braga Netto, interventor na segurança do Rio, o general Mauro Sinott, 
fez, na manhã de ontem, uma visita ao 14º Batalhão da Polícia Militar em Bangu, zona norte do Rio, 
responsável pela região da Vila Kennedy, comunidade da zona norte do Rio escolhida como área 
modelo da intervenção. Quando o comandante do BPM, coronel Marcus Vinícius Amaral, deu ordem 
para a tropa, já perfilada, bater continência ao general, segundo na hierarquia militar da operação, 
uma parte dos policiais não obedeceu. O comandante só foi acatado depois de gritar “todo mundo” e, 
em seguida, “descansar”.
Menos de 12 horas depois da insubordinação policial, relatada pelos repórteres Carina Bacelar, Luã 
Marinatto e Renan Rodrigues, em “O Globo”, a vereadora Marielle Franco (Psol), seria executada ao 
deixar evento no centro do Rio em que discutira o aumento da violência contra mulheres negras.
(…)
O comando do general enfrenta, no entanto, forte reação. Policiais têm-se rebelado contra ações que 
minam sua sociedade com o crime, a começar de medidas simples e baratas como a disposição do 
comando militar da intervenção de mexer na sua escala de trabalho para aumentar o efetivo à 
disposição das operações.
(…)

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