Foi o jornal mais canalha que já vi na vida.
O Jornal Nacional escondeu que Marielle Franco era radicalmente contra a Intervenção Militar. Escondeu, inclusive, que ela era a relatora da Comissão que acompanha a bizarra intervenção do Rio.
Embora se referir diversas vezes à “voz da Marielle”, não colocou Marielle para falar, nem em
Embora se referir diversas vezes à “voz da Marielle”, não colocou Marielle para falar, nem em
gravações, nem na voz de Marielle que está em outras Marielles, suas companheiras de luta, que
passaram o dia inteiro gritando bem alto pelas ruas do Brasil. Não ouvimos as negras, nem as
faveladas, nem as lésbicas, não ouvimos ninguém da Maré. Não ouvimos ninguém que foi
esculachado por milico na Maré. Não ouvimos ninguém que suplica pelo fim da Polícia Militar. Não
se falou do machismo e do racismo. Não ouvimos aquelas que reivindicam – como ela fazia e tanto
brilhava ao falar – o lugar da mulher do parlamento. O lugar da negra no Parlamento. Não ouvimos
Marielle.
Milhões de brasileiros hoje, por opção da Globo, ouviram por longo tempo “autoridades”,
evidentemente, quase todos homens, todos brancos.
Foi um infinito tempo para ministros do Supremo, incluindo Gilmar Mendes, cheio de blablabla.
Foi um infinito tempo para ministros do Supremo, incluindo Gilmar Mendes, cheio de blablabla.
Blablabla Rodrigo Maia, blablabla Enuncio Oliveira, prometendo que não haverá impunidade.
Blablabla Michel Temer, Jungman, Pezão, Crivella, todos patrocinadores do que Marielle mais
lutava contra!
Com legitimidade, apenas Freixo, a família, uma colega de Câmara (que, em suas palavras,
inclusive, ressaltou que não era igual Marielle, mas se inspirava muito nela), alguns outros poucos
colegas de partido, alguns fãs na porta da Câmara. Coisa rápida mesmo, álibi jornalístico, centro da
cobertura não era esse. Para piorar, alguns depoimentos foram roubados, gravação de produtores
disfarçados, que não avisavam que era para a Globo. Uma vergonha, um escândalo!
Por detrás de diversas escolhas, o Jornal Nacional, escondeu Marielle, por exemplo, ao decidir por
Bette Lucchese para abrir o jornal. Todo respeito à pessoa, mas a escala decidiu justamente pela
repórter que comemorou no alto do Alemão, em transmissão chamada de histórica por ela, quando a
brava Polícia Militar fincou sua bandeira lá, fundando a UPP e a ~paz na comunidade. Não eram
essas palavras, mas era essa a ingenuidade.Depois, enfileirou repórteres, todos sempre brancos, que,
dia a dia, defendem, em sua linha editorial, a intervenção militar, o ultra-patrulhamento nas praias
em épocas de arrastão.
É uma galera que sempre deu voz a Beltrame e Cabral, mas nunca deu voz a Marielle.
Bonner não estava comovido. Não podia estar. Nunca se comoveu com Marielle. Não seria agora.
Bonner não estava comovido. Não podia estar. Nunca se comoveu com Marielle. Não seria agora.
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